O ato realizado pelas centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalhador, na última quinta-feira (1º), em São Paulo, teve baixa presença de público. O fracasso da mobilização repetiu o que se verificou no ato realizado em 23 de março, quando setores do campo de esquerda tentaram mobilizar as ruas em favor da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Naquela oportunidade, a baixa adesão de simpatizantes foi creditada a uma suposta divisão na esquerda em relação à pauta do protesto. No entanto, nem o ato da semana passada, o tradicional Dia do Trabalhador, com a adesão das centrais sindicais e, mais do que isso, com a presença do presidente Lula (PT) foi suficiente para atrair a base social progressista.
Os dois eventos, quando comparados às mobilizações recentes realizadas pelo bolsonarismo, reforçam a ideia de que as ruas e a opinião pública pendem para a direita. Esses eventos evidenciam que a esquerda está na defensiva em termos de mobilização.
Mesmo se considerarmos que a base social lulista passou por uma metamorfose nos últimos anos, migrando da classe média dos grandes centros urbanos do país para a população de menor renda e de cidades médias e pequenas, que são politicamente menos engajadas em mobilizações, a dificuldade da esquerda nas ruas é cada vez mais evidente.
Ainda que Lula tenha responsabilizado o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, pelo esvaziamento, ao declarar que o ato foi “mal convocado”, fato é que nos últimos anos houve uma transformação no mundo do trabalho e o número de sindicalizados é cada vez menor. Some-se a isso o protagonismo das redes sociais, que são dominadas pela direita, mudando o modelo de mobilização política a partir dos partidos políticos e dos sindicatos.
Para agravar o quadro, Lula cometeu o equívoco de fazer campanha antecipada para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o que motivou uma reação por parte do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).