A empresa responsável pela administração do porto de Santos – Santos Port Authority (SPA) – passou por profunda reestruturação nos últimos anos e chega à reta final do atual governo com resultados positivos e um caixa reforçado, embora com baixo nível de investimentos.
O leilão de privatização da empresa, que o governo Bolsonaro tentou tirar do papel, não deverá sair no prazo que resta (47 dias). A expectativa, porém, é de que o edital possa ser publicado em dezembro, segundo Fernando Biral, presidente da companhia. Ainda que o edital seja publicado, a posse do novo governo lança dúvidas quanto ao certame.
A empresa será entregue à próxima gestão “com a casa arrumada”, afirmou Biral. “Fizemos a lição de casa, reestruturamos a companhia. Uma transformação maior seria possível com a empresa sendo desestatizada, mas a nossa missão foi cumprida”, afirmou.
No terceiro trimestre deste ano, a receita operacional líquida da SPA avançou 38,2%, atingindo R$ 386 milhões, impulsionada, principalmente, pela maior movimentação de carga nos terminais. O lucro líquido cresceu 38,3% na comparação anual, chegando a R$ 136 milhões. O lucro em valores acumulados durante o ano registrou aumento de 55,2%.
Os custos operacionais saltaram 76,1%, somando R$ 147 milhões neste final de ano, sobretudo devido à alta nos gastos com dragagem. Uma forte demanda do setor portuário é de que seja realizada uma obra de aprofundamento do canal de acesso (entre Santos e Guarujá) para 17 metros.
O investimento está previsto dentro do projeto de desestatização do porto, que, ao todo, inclui R$ 6,3 bilhões de investimentos, dos quais R$ 4,2 bilhões seriam destinados à construção de um túnel submerso entre Santos e Guarujá e R$ 2,1 bilhões, à infraestrutura portuária.
Com ou sem a desestatização, Fernando Biral avalia que o aprofundamento do canal será uma obra que terá de ser realizada pela empresa nos próximos anos. “O que pode ocorrer é um tempo maior para a execução, porque há todas as questões envolvendo a administração pública. Corre risco de atraso, essa é preocupação”, diz. O aumento de navios de grande porte que demandam o porto exige calagem maior, por segurança.