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A oposição emparedada – Análise

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O bom desempenho de Jair Bolsonaro (PL) nas recentes pesquisas de intenção de voto injetou ânimo na campanha do presidente, ainda que o próprio mandatário costume pregar que não acredita em levantamentos. O cenário geral é o mesmo: polarização consolidada com o ex-presidente Lula (PT) à frente. Mas são os dados focalizados em públicos cruciais para reduzir a diferença em relação ao principal adversário que animam Bolsonaro.

Segundo o último levantamento da Quaest/Genial, em um mês o presidente cresceu entre os eleitores do Nordeste, onde, embora Lula lidere com certa folga, a diferença entre os dois caiu de 53% para 37%. O presidente também obteve evolução entre as mulheres, onde esse índice que marca a diferença entre os dois candidatos passou de 28% para 19%. Houve ainda melhora na avaliação dos beneficiários do Auxílio Brasil: a taxa dos que avaliam o governo como positivo cresceu 6%. O responsável pelo instituto atribui tais fatores ao que já observamos aqui: Bolsonaro tem passado a impressão de que tenta de tudo para solucionar os problemas da população.

Se os dados empolgam o QG bolsonarista, preocupam os aliados de Lula. Isso porque é justamente nesses nichos que reside a maior parcela de eleitores do ex-presidente e os principais impactados pelas benesses incluídas na PEC dos Benefícios, que deve ser aprovada terça-feira (12). Emparedada, a oposição não terá alternativa, a não ser votar favoravelmente à matéria, mesmo dizendo que a PEC é eleitoreira e oportunista. Assim, os próprios petistas ajudarão Bolsonaro a ter mais elementos para crescer na fatia do eleitorado, até então, fiel a Lula.

Alguns aliados de Lula relativizam os impactos que os benefícios podem gerar, alegando que o crescimento não será capaz de interferir no resultado final das eleições. Vale ressaltar que cerca de 20 milhões de famílias passarão a ter mais R$ 200 em sua renda mensal. Se isso será anulado pelos efeitos da inflação, como afirmam os petistas, não se sabe. Fato é que Bolsonaro tem se esforçado para que os feitos de sua gestão cheguem até a ponta. A mesma pesquisa mostra que 61% dos entrevistados já tinham conhecimento do reajuste do Auxílio Brasil, mesmo que esse aumente ainda não tivesse sido operacionalizado.

Além disso, a estratégia bolsonarista está mudando. Se antes Bolsonaro priorizava se comunicar pelas redes sociais, agora ele pretende ampliar a comunicação pela TV, meio pelo qual, curiosamente, a maior parte dos eleitores de Lula se informa. Após cortes e muitas críticas, Bolsonaro decidiu aumentar a verba de publicidade para a TV Globo.

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