O cenário de consolidação da polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas, combinada com a falta de tração da terceira via, tem levado os setores mais otimistas do PT a sonharem com uma vitória já em primeiro turno. Esse otimismo decorre, principalmente, do aumento da inflação, que desgasta Bolsonaro e tem sido o principal responsável por frear a recuperação do presidente nas sondagens, principalmente na última semana. Porém, um levantamento realizado pela Arko Advice, tendo como base a média das seis pesquisas divulgadas neste mês e consolidando somente os votos válidos, aponta que Lula pode ter chegado no seu teto de intenções de voto. Conforme podemos observar na tabela abaixo, neste momento, Lula teria praticamente o mesmo percentual de votos válidos de quando disputou sua última eleição presidencial (2006).
*Média das últimas seis pesquisas divulgadas em Maio Outro fator que indica que o ex-presidente possa ter chegado no seu teto é a pressão que o PT começa a fazer para que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) desista de ser candidato. Como Ciro é o nome mais forte da terceira via – com cerca de 8% das intenções de voto – sua desistência poderia aumentar a votação no ex-presidente, pois parte do eleitorado de Ciro tem Lula como a segunda opção de voto. No entanto, a possibilidade de Ciro Gomes desistir é baixa. Além do PDT ter, na semana passada, reafirmado seu compromisso com o projeto Ciro, através de seu presidente nacional, Carlos Lupi, é interessante para o PDT manter a candidatura de Ciro para não ficar à sombra do PT. Também devemos considerar que, hoje, Lula vive seu melhor momento desde que deixou a Presidência em 2010, pois o ex-presidente é o principal beneficiário da rejeição a Bolsonaro e do cenário de inflação acima de dois dígitos nos últimos meses. Porém, quando a campanha começar, Lula se tornará alvo da eficiente máquina de mobilização digital bolsonarista, que deve explorar a pauta dos costumes e a narrativa antipetista contra Lula, podendo comprometer parte da força eleitoral que o ex-presidente apresenta. |
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