Os trilhos da ferrovia Nova Transnordestina, ligando Curral Novo, no sul do Piauí, ao porto de Suape, no litoral pernambucano, não mais serão implantados pelo empresário Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Segundo o jornal Valor, surgiu um novo player para executar o projeto: o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity.
Dias após o lançamento oficial do regime de autorização para a construção e operação de ferrovias, a mineradora Bemisa, controlada pelo Opportunity, formalizou requerimento para assumir o trecho de 717 quilômetros de Curral Novo a Suape.
O ex-presidente Lula pretendia colocar em operação esse trecho da ferrovia em 2010, mas, devido a estouros no orçamento e no cronograma das obras, elas não saíram do papel. A Bemisa quer explorar reservas de minério de ferro que possui no Piauí e seu objetivo é escoar o minério de sua jazida até Suape. A obra está orçada em quase R$ 6 bilhões.
Conforme o novo marco ferroviário, estabelecido pela MP nº 1.065/21, enviada ao Congresso há duas semanas, essas obras podem ser executadas por conta e risco do interessado. O governo passou a apostar somente na viabilidade do trecho entre Eliseu Martins (PI) e o porto de Pecém (CE), descartando o ramal até Suape, o que desagradou às lideranças políticas pernambucanas.
Também haverá modificações na área do porto de Suape, tendo em vista viabilizar a construção de um terminal privado da Bemisa voltado para o escoamento do minério. O terminal funcionará como um atrativo a mais para o novo investidor. A nova ferrovia pretende funcionar também como canal de escoamento da produção agrícola do sul do Piauí.
A jazida da Bemisa no Piauí possui mais de 1 bilhão de toneladas certificadas, com previsão de movimentar 16 milhões de toneladas por ano de um tipo de minério de alta qualidade. A mineradora mantém exploração mineral também em outros estados, caso de Minas Gerais.