Em meio a disputa no PSDB com o vice-governador Rodrigo Garcia, o ex-governador Geraldo Alckmin deve se reunir nas próximas semanas com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para debater uma possível troca de partido.
Alckmin chegou a ser cortejado pelo DEM e pelo PSB, mas é mais provável que opte pelo PSD, partido que filiou recentemente o prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes. Em São Paulo (SP), o DEM, controlado pelo vereador Milton Leite, é aliado do governador João Doria e deve apoiar a candidatura de Garcia, que deve ter ainda o apoio do MDB e do PP.
O ex-governador, por sua vez, caso se filie ao PSD e concorra ao Palácio dos Bandeirantes, poderá ter o apoio do PSB, além de Márcio França seu vice, reproduzindo a chapa vitoriosa de 2014.
Com o ingresso de Rodrigo Garcia no PSDB – articulação viabilizada por João Doria – a viabilidade de Geraldo Alckmin ser o candidato tucano diminuiu, pois os aliados de Doria controlam o diretório estadual. Além disso, os aliados de Doria acreditam que a popularidade do governador irá melhorar nos próximos meses, beneficiando Rodrigo Garcia.
Assim, Garcia aposta que mudará o jogo que hoje é desfavorável a ele a partir da reversão da avaliação negativa do governo. O vice-governador cita, por exemplo, que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) tem em carteira um orçamento de R$ 7 bilhões em obras.
Outra bandeira que Rodrigo Garcia apostará é a imunização da população. Pelas projeções de Doria e Garcia, SP será o primeiro estado a vacinar toda sua população. Além disso, medidas destinadas aos segmentos de menor renda como, por exemplo, o Vale-Gás, o Acolhe São Paulo, o bolsa trabalho, que vai pagar R$ 500 por mês para jornada de quatro horas por dia, também pode contribuir para a melhora na imagem de João Doria e, consequentemente, beneficiar Rodrigo Garcia eleitoralmente.
Diante desse cenário, ganha força a possibilidade de Geraldo Alckmin se filiar ao PSD. Alckmin, que possui uma imagem positiva em SP, caso concorra novamente ao Palácio dos Bandeirantes, será um candidato competitivo.
A eventual entrada de Alckmin na disputa é negativa para Garcia. O eleitor do PSDB tende a se dividir, já que parte da base tucana prefere o ex-governador e poderá votar mesmo que migre para o PSD.
Esta divisão poderá, por exemplo, provocar uma derrota precoce de Geraldo Alckmin ou Rodrigo Garcia já no primeiro turno, principalmente se o bolsonarismo conseguir viabilizar um nome competitivo. Além disso, existe a possibilidade de uma aliança entre PT e PSOL, unindo o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), aumentando as chances da esquerda chegar ao segundo turno em SP.