Para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, os problemas ambientais que persistem na região amazônica são agravados pela situação de baixa renda da população. Como alternativa, o ministro sugere o pagamento de um auxílio a antigos trabalhadores de atividades ilegais. “Além das ações de comando e controle, precisamos de incentivo econômico. Quem é que vai receber isso? A pessoa que está na ponta, fragilizada. É preciso dar incentivo econômico para que as pessoas não dependam da atividade ilegal. Precisamos combater a ilegalidade, mas oferecer uma alternativa”, disse, em live da Arko Advice exclusiva para clientes.
Na entrevista, mediada por Murillo de Aragão, presidente da Arko, Salles destacou a importância de programas que remuneram a população local por ações ambientais positivas. “Uma maneira de fazer o recurso chegar até as comunidades é o pagamento por serviços ambientais. Você pode remunerar aquele que já fez coisas corretas e aquele que é chamado a fazer. Podemos remunerar as pessoas para que elas ajudem a recuperar áreas que foram degradadas. O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) nos ajuda e o programa Floresta+ já está em andamento e pode ser ampliado”, cita.
De acordo com Salles, o Brasil é responsável por cerca de 3% das emissões globais de carbono. Metade disso deve-se ao desmatamento ilegal. O ministro defende que a regularização de terrenos invadidos é um bom caminho para se frear o desmatamento. “Qualquer movimento que desclassifique os movimentos de regularização fundiária está atrapalhando o combate ao desmatamento”, defendeu.
Queimadas no pantanal
Com a aproximação do período da seca no pantanal, começa a crescer a preocupação com as queimadas. Em 2020, o fogo consumiu 2,1 mil km², área maior do a soma do que foi perdido nos últimos 18 anos, segundo dados do IBGE. O desastre chamou a atenção da comunidade internacional para a política ambiental brasileira.
Contudo, na avaliação do ministro do Meio Ambiente, a situação não deve se repetir em 2021. “As queimadas no pantanal no ano passado se deram por conta de condições meteorológicas específicas e pela proibição do uso do ‘fogo frio’ para limpeza das áreas de pasto. Fizemos diligências com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para que os estados autorizem que os fazendeiros façam o uso do fogo frio para evitar acúmulo de material combustível para queimadas”, disse.