Após duas semanas de disputas e barganhas, os partidos que estarão em cada comissão permanente da Câmara dos Deputados nessa sessão legislativa foram definidos. Apesar do aparente clima de tranquilidade na decisão, houve discórdia quanto ao acordo entre Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para que este assumisse a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), uma vez que tal acordo foi feito entre os dois parlamentares, sem as demais lideranças partidárias. Dessa forma, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deixa o cargo, mas não sem antes causar discórdia.
Agradecimentos polêmicos
Em seu discurso de despedida da presidência da CREDN, Eduardo Bolsonaro foi categórico ao agradecer nominalmente duas figuras polêmicas por sua receptividade à atividade dele na comissão: o príncipe saudita Mohammed bin Salman, acusado de assassinato e mutilação do jornalista Jamal Khashoggi, crítico mordaz de seu regime, e o premiê da Hungria, Viktor Orbán, de posicionamento de ultradireita e que vem se posicionando fortemente contra a imprensa local.
Ao despedir-se da comissão, Bolsonaro apontou Orbán como “referência” para o tratamento entre imprensa e política. Além disso, Bolsonaro exaltou as relações entre Brasil e Israel, reconstruídas depois do incidente diplomático em que Dilma Rousseff recusou as cartas credenciais do embaixador israelense designado para atuar no Brasil. Já no seu discurso de posse, Aécio Neves defendeu que sua gestão atuará em direção contrária à de Bolsonaro.
Política externa
Ao tomar posse, Neves exaltou a defesa do multilateralismo, dos direitos humanos e do meio ambiente, temas, segundo ele, atacados pelo governo bolsonarista de forma repetida.
Segundo ele, a política externa brasileira deve ter como foco não somente o multilateralismo, mas também a amplificação e universalização do relacionamento internacional em temas globais, bem como a inserção em discussões sobre cooperação no combate internacional ao tráfico de pessoas, armas e drogas.