Em uma entrevista exibida pelo canal de notícias CNN, o hacker Walter Delgatti Neto, responsável pelos vazamentos de conversa entre promotores e juízes da Lava Jato, disse que um dos objetivos da operação era prender os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
“Eles tentavam de tudo pra conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queria que a OAS delatasse o Toffoli, eles quebraram o sigilo do Gilmar Mendes na Suíça, do cartão de crédito, da conta bancária dele, eles odiavam o Gilmar Mendes, falavam mal do Gilmar Mendes o tempo todo”, relatou Delgatti Neto.
Dias Toffoli e Gilmar Mendes são ministros conhecidos por serem “garantistas”, ou seja, por votar pela presunção de inocência dos réus.
No mundo jurídico, a repercussão das declarações do hacker foi entendida com a reafirmação de suspeitas de que a força tarefa pode não ter tido o comportamento mais republicano nas investigações.
Ao O Brasilianista, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, criticou a operação: “A cada dia descobrimos que sob o manto da moralidade se organizou uma guerrilha judicial, capaz de subverter princípios básicos como ampla defesa, contraditório e imparcialidade do Juízo”, disse.
Já para o presidente em exercício da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), Sheyner Asfora, defendeu que é preciso cautela ao analisar as acusações. “Não podemos, com base unicamente nas informações prestadas por um hacker, tomarmos como verdade que o objetivo da força-tarefa Lava Jato era a de prender ministros do STF. Não se tem elementos concretos e nem informações confiáveis nesse sentido. Segundo, como é próprio do Estado de Direito, é preciso que se apure em toda a sua extensão a veracidade das informações que foram tornadas públicas pelo Sr. Walter Delgatti Neto em respeito às instituições e para o bem da democracia”, disse.