A nova pesquisa Datafolha (12) mostra que o presidente Jair Bolsonaro mantém sua popularidade elevada (ver tabela abaixo).
Trata-se de um resultado positivo para o governo, pois nem mesmo temas como o aumento dos casos do coronavírus no país, a polêmica em torno das vacinas e auxílio emergencial se aproximando do final foram capazes de abalar a imagem de Bolsonaro.
AVALIÇÃO | 27/04 (%) | 25 a 26/05 (%) | 24/06 (%) | 12/08 (%) | 8 a 10/12 (%) |
Ótimo/Bom | 33 | 33 | 32 | 37 | 37 |
Regular | 26 | 22 | 23 | 27 | 29 |
Ruim/Péssimo | 38 | 43 | 44 | 34 | 32 |
*Fonte: Datafolha
Nota-se que a redução do auxílio emergencial e a proximidade do fim do benefício não impactaram negativamente a aprovação de Bolsonaro. Isso sugere que o capital político do presidente não decorre apenas do auxílio. Mesmo com os desgastes que sofreu, Bolsonaro tem uma base social de apoio bastante sólida.
Segundo o Datafolha, a avaliação positiva do governo é sustentada majoritariamente por empresários (56%), moradores do Centro-Oeste/Norte (47%), assalariado sem registro (46%), homens (42%) e entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos (41%).
Por outro lado, a avalição negativa de Bolsonaro está mais concentrada entre os estudantes (49%), quem tem ensino superior (48%), entre quem ganha mais de 10 salários mínimos (47%), entre os moradores da região metropolitana (40%) e negros (36%).
Apesar do resultado positivo mostrado pelo Datafolha no que diz respeito à popularidade presidencial, o governo continua com importantes desafios pela frente. A partir de janeiro, não haverá mais o auxílio emergencial, o que poderá impactar a aprovação de Jair Bolsonaro. Como consequência do fim do auxílio, mais brasileiros devem sair às ruas em busca de emprego. Além disso, o debate da vacina e do gerenciamento do calendário nacional de vacinação devem pressionar o governo.
Em que pese tais desafios, o fato de Bolsonaro chegar bem avaliado ao final do segundo turno de governo – mais do que isso, em meio a uma conjuntura que combina grave crise na saúde pública e na economia – podem ajudar o governo nas eleições para as Mesas Diretoras da Câmara e Senado, marcada para fevereiro, quando o Palácio do Planalto tentará emplacar dois aliados no comando das duas casas legislativas.
Outro aspecto importante é que, caso a popularidade de Bolsonaro não sofra grandes perdas, aumenta o espaço político para o avanço das reformas estruturantes.
Popularidade de Bolsonaro perde apenas para FHC I, Lula I e Dilma I
Outro aspecto interessante mostrado pelo Datafolha é que a avaliação positiva do governo Jair Bolsonaro é inferior apenas as registradas pelos governos FHC I, Lula I e Dilma I após cerca de um ano e meio de governo. O desempenho de Bolsonaro é o quarto melhor desde 1987.
Trata-se de um desempenho bastante positivo, pois Jair Bolsonaro enfrenta a combinação de crises agudas na saúde e economia enquanto FHC surfava na onda do Plano Real. Lula representava a esperança do primeiro operário que havia chegado ao poder. E Dilma era a continuidade do popular governo Lula.
GOVERNOS | Ótimo/Bom (%) | Regular (%) | Ruim/Péssimo (%) |
Sarney (Mai/87) | 9 | 35 | 54 |
Collor (Fev/92) | 15 | 35 | 48 |
Itamar (Set/94) | 32 | 49 | 13 |
FHC I (Dez/96) | 47 | 38 | 12 |
Lula I (Dez/04) | 45 | 40 | 13 |
Dilma I (Dez/12) | 62 | 30 | 7 |
Temer (Abr/18) | 6 | 23 | 70 |
Bolsonaro (Dez/20) | 37 | 29 | 32 |
*Fonte: Datafolha
Outro aspecto importante é que todos os presidentes que chegaram bem avaliados a metade de seu mandato – FHC, Lula e Dilma – acabaram se reelegendo no pleito presidencial seguinte.