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Cobrança sobre o governo aumenta em 2021, avalia Lucas de Aragão

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Apesar de ter sido marcado pela aprovação de algumas reformas, como a Nova Lei de Falências e o Novo Marco do Saneamento, o ano de 2020 ainda deixou muito para ser resolvido em 2021. No pacote do que ficou para ser analisado depois estão as reformas tributária e administrativa, por exemplo – dois projetos centrais para manter o equilíbrio nas contas públicas.

Para o cientista político da Arko Advice, Lucas de Aragão, no próximo ano, a pressão para que o governo dê andamento à pauta de reformas deve ser maior. Segundo ele, em 2020 as eleições municipais e a corrida pela presidência da Câmara tiraram o foco da pauta econômica, além da própria pandemia do novo coronavírus.

“No ano que vem, esse quadro será diferente. O ano tende a ser mais tranquilo, principalmente, se comparado a 2020. E agora o governo tem um entendimento melhor de como funciona o processo em Brasília, que pode ser constatado na relação atual com o centrão”, avaliou Aragão, em entrevista à Revista Época.

Na avaliação do especialista, em 2021, Bolsonaro vai precisar formar um governo com mais diálogo como o Congresso Nacional.

“Neste segundo ano, o governo é pressionado a encarar a realidade de Brasília. Ou seja, a governar com mais pragmatismo, olhando para os partidos do centrão no Congresso Nacional, sendo obrigado a reconhecer que o presidencialismo de coalizão não vai embora simplesmente por um passe de mágica ou por vontade”, analisa.

Para Aragão, o governo erra ao achar que não precisa entrar no corpo-a-corpo na defesa dos projetos que envia para o Congresso.

“Aquela narrativa de que o governo propõe e o Congresso aprova funciona no papel. A realidade em Brasília é outra. Será necessário saber priorizar, articular e avaliar onde é possível ceder”, avalia.

Agenda de privatizações

Em 2020, o governo também não conseguiu cumprir suas metas de privatização. Em compensação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que planeja nove privatizações para 2021, incluindo a venda da Eletrobrás e dos Correios. Para Aragão, é pouco provável que Guedes tenha sucesso nessa agenda.

“Essa agenda poderia ser cumprida diante de uma conjunção de fatores: os resultados do governo, o avanço de pautas no Congresso, a popularidade, a percepção da opinião pública. Mas privatização sempre foi um tema polêmico no Congresso Nacional. Muitos parlamentares não consideram um problema tão estrutural. Seria mais prudente e mais eficiente se o governo optasse por uma privatização. E apostasse suas fichas nessa privatização, de uma maneira organizada, com foco nesse objetivo principal”, pontua.

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