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Boas-novas no comércio exterior

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O Brasil foi o único país do G20 a aumentar exportações neste ano

Em meio às trevas da pandemia provocada pelo novo coronavírus, brilham pontos de luz sobre a economia brasileira. A divulgação do balanço do comércio exterior no primeiro quadrimestre deste ano trouxe excepcionais notícias.

A Organização Mundial do Comércio prevê que o comércio internacional cairá entre 13% e 32% em 2020. O Brasil, contudo, surpreendeu no período apresentando a menor variação de fluxo. O país foi o único do G20, grupo das vinte maiores economias do mundo, a expandir seu volume exportado num cenário bastante adverso.

No caso brasileiro, não se verifica queda da demanda por parte da Ásia. O Brasil exportou mais ainda para aquela região nos primeiros meses do ano do que o habitual.

Aliás, mesmo sem considerar a China e o Japão, as duas maiores economias asiáticas, o Brasil vende mais para o resto do continente do que para os Estados Unidos e o México juntos. Com China e Japão na conta, o resultado é espetacular.

O quadro é ainda mais positivo se considerarmos que a Ásia deve sair da crise antes das outras regiões do planeta. Continuando a comprar do Brasil, sobretudo proteína, nos ajudará a minimizar os efeitos de uma recessão.

No período examinado já batemos recordes históricos de venda de carne suína e bovina para a China. A demanda chinesa por minério de ferro também não recuou. Para completar, o quadro recessivo empurrou para baixo os fretes marítimos. Assim, exportar ficou mais barato.

Tanto durante a pandemia quanto na saída da crise, o mundo continuará a precisar de alimentos

São excelentes notícias. Provavelmente no fim do ano teremos o maior superávit comercial da história em nossas relações com a China. Em parte, pela queda de nossas importações. Mas o aumento de nossas exportações é muito positivo.

Já somos o maior exportador de soja em grão, suco de laranja, carne bovina, carne de frango, café e açúcar. Estamos entre os maiores na exportação de minério de ferro, carne suína, farelo de soja e milho. São produtos de demanda pouco elástica e que continuarão a ser bastante procurados mundo afora. O Brasil já se transformou em celeiro do mundo e somos, juntamente com os Estados Unidos, uma verdadeira superpotência agroexportadora.

Ser otimista em tempos de tragédia econômica é um risco. Mas a análise fria dos dados de nosso comércio internacional ante as nossas potencialidades indica que, pelo menos nesse segmento, teremos notícias positivas.

Nouriel Roubini e Ray Dalio, dois expoentes das finanças internacionais, acreditam que o mundo poderá viver uma grande depressão nos anos vindouros. As exportações de bens alimentícios e outros itens em que o Brasil apresenta vantagens comparativas serão importantes para que o país evite esse cenário. Pois, tanto durante a pandemia quanto na saída da crise dela decorrente, o mundo vai continuar a precisar dos alimentos brasileiros, o que se caracteriza como uma situação estratégica favorável para nós.

Por fim, analisando as perspectivas de nosso comércio internacional, a política externa brasileira deve ser, no melhor interesse do país, orientada por decisões pragmáticas que atendam aos nossos objetivos estratégicos.

Publicado na VEJA

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