Duas pesquisas divulgadas pelo Datafolha após o início da pandemia do novo coronavírus mostram crescimento da popularidade dos governadores (ver tabela a seguir).
AVALIAÇÃO DOS GOVERNADORES
AVALIAÇÃO
Datafolha – 20/03/20 (%)
Datafolha – 03/04/20 (%)
Ótimo/Bom
54
58
Regular
28
23
Ruim/Péssimo
16
16
O crescimento da popularidade dos governadores é consequência, principalmente, da adesão deles às medidas de isolamento social, que encontram grande respaldo junto à opinião pública. De acordo com o Datafolha, 76% dos entrevistados afirmaram que as pessoas devem ficar em casa mesmo que isso prejudique a economia.
Hoje, dois governadores têm conseguido se destacar: João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. Vale destacar que ambos têm adotado uma postura de antagonismo ao presidente Jair Bolsonaro, sobretudo quanto à defesa das medidas restritivas. Além de Doria e Witzel, vem ganhando relevância os governadores Ronaldo Caiado (DEM-GO), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Helder Barbalho (MDB-PA).
Segundo levantamento realizado pela FGV nas redes sociais, Doria é o governador mais citado no Twitter, com 2.850.860 menções. Em segundo lugar, está Witzel (775.141), seguido por Caiado (454.660), Flávio Dino (224.972) e Helder Barbalho (137.517).
Comparando a pesquisa do instituto Paraná realizada em abril de 2019 com a sondagem do Datafolha feita em abril deste ano, na semana passada, Doria cresceu 16 pontos percentuais (ver tabela a seguir). A avaliação negativa de Doria, por sua vez, apresentou uma queda de 12 pontos.
AVALIAÇÃO DO GOVERNADOR JOÃO DORIA (PSDB)
AVALIAÇÃO
Paraná Pesquisas – Abr/19 (%)
Datafolha – Abr/20 (%)
Ótimo/Bom
35
51
Regular
32
27
Ruim/Péssimo
31
19
Situação similar ocorreu com Wilson Witzel. Nesse período, Witzel ganhou 20 pontos em sua avaliação positiva, enquanto o índice negativo registrou redução de 14 pontos (ver tabela a seguir).
AVALIAÇÃO DO GOVERNADOR WILSON WITZEL (PSC)
AVALIAÇÃO
Paraná Pesquisas – Abr/19 (%)
Datafolha – Abr/20 (%)
Ótimo/Bom
35
55
Regular
34
24
Ruim/Péssimo
31
17
A inédita aliança que os governadores conseguiram construir, tendo Doria como porta-voz desse grupo na pandemia, criou uma nova força no cenário político. Aliás, antes da construção dessa aliança entre os governadores, Doria e Witzel já estavam se aproximando, de olho nas eleições municipais de outubro. Eles haviam articulado a filiação e a pré-candidatura do ex-ministro Gustavo Bebbiano ao PSDB. O precoce falecimento de Bebbiano representou um revés para tal articulação.
O protagonismo adquirido por Doria e Witzel no plano nacional, rivalizando com Bolsonaro, além de alçar os dois governadores à condição de players no jogo político criou condições para uma rearticulação do centro tendo em vista a disputa sucessória em 2022.
O aumento da popularidade de Doria e Witzel em seus estados tem potencial para fortalecer as pretensões presidenciais de ambos. Entretanto, há outro ator que se fortaleceu recentemente: o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), que, segundo o Datafolha, tem hoje uma avaliação positiva de 76%, sendo quase uma unanimidade nacional.
Assim, nomes ligados à centro-direita, como Doria, Witzel e Mandetta, surgem como principais alternativas ao bolsonarismo, já que a esquerda, desde a libertação do ex-presidente Lula (PT), está ausente do noticiário, devido à sua falta de narrativa na crise do coronavírus.