Qual o seu sentimento em relação ao encaminhamento da Reforma Administrativa pelo governo?
Eu percebo que o governo está mandando a reforma de maneira fatiada e isso aplaca a mobilização dos servidores, porque fica mais difícil compreendê-la. É bom a gente lembrar que já temos aqui partes da reforma que estão disfarçadas, como a PEC Emergencial. O governo costuma se comunicar por meio de balões de ensaio. Eu percebo nisso uma vontade de testar a opinião pública, de medir forças e, claro, também de confundir e dificultar a reação.
Como o senhor vê a aceitação da reforma na Casa neste momento?
Não vai ser fácil. O sentimento da Casa é de que o governo lança as propostas impopulares e depois retira a própria digital dessas propostas. A Reforma Administrativa, se dependesse do Palácio do Planalto, seria 100% conduzida pelo Congresso. Em ano eleitoral, isso não vai acontecer. Ou o governo coloca a digital ou essa reforma não vai andar aqui.
O que seria aceitável pelos servidores públicos em termos de reforma?
Hoje a nossa tendência é de não aceitar nenhum dos pontos ventilados, porque a participação dos servidores nessa construção foi muito limitada. Mas, em termos gerais e teóricos, queremos, sim, discutir a possibilidade de o servidor ter mais mobilidade. Queremos discutir métodos de avaliação e eficiência que não submetam o servidor ao mero escrutínio político e às perseguições. Consideramos que discutir o fim da estabilidade antes de discutir uma série de outras questões não é razoável. A gente acaba ficando muito na defensiva. Não queremos discutir com o governo, que tem postura revanchista, uma intenção destrutiva, que quer colar nos servidores uma pecha de inimigo público. Talvez, se a forma de se posicionar do governo fosse mais civilizada, a gente estaria discutindo vários pontos de avanço.