De uma forma geral, a expectativa é moderadamente otimista para 2020. Entretanto, existem alguns fatores internos que merecem atenção. Embora a probabilidade de se concretizarem seja baixa, poderiam afetar negativamente o ambiente político e econômico.
Uma das razões pela melhora da economia é a continuidade no andamento das reformas estruturais no país. O Congresso já concluiu a
aprovação da Reforma da Previdência, mas há outros desafios, como a Reforma Tributária, PEC da Emergência Fiscal, a que extingue fundos
públicos e a do Pacto Federativo. O eventual travamento dessas reformas poderia reverter a recuperação da confiança na economia do país.
Outra questão relevante é a dos caminhoneiros. Existem reivindicações da categoria que estão sendo analisadas pelo governo para evitar
novas paralisações. De acordo com o caminhoneiro Wallace Landim, o “Chorão”, uma das principais lideranças dos autônomos, é o reajuste do piso mínimo do frete. De acordo com ele, há o compromisso do governo de ser feito em 20 de janeiro. O aumento pode ficar entre 14% e 18%. Outras negociações estão em andamento ainda para tratar do preço do diesel.
Com o crescimento do PIB no terceiro trimestre de 2019 (0,6% em relação ao 2º trimestre), as previsões do crescimento da economia para 2020 foram revistas para cima, entre 2% e 2,5%. Mas, na eventualidade de concretização dos riscos acima, haveria forte impacto com reflexo no desemprego.
A consequência poderia ser manifestações pelo país, com impacto negativo na popularidade do presidente e perda de capital político. Nesse cenário, a pressão política sobre o ministro da economia, Paulo Guedes, aumentaria de forma muito intensa. Especulações sobre uma eventual saída do governo aumentariam bastante.
O Supremo Tribunal Federal pode julgar em 2020 o processo sobre a suspeição do ministro da Justiça Sérgio Moro no processo envolvendo o ex-presidente Lula. Se decidir favorável à suspeição, anulando a sentença no caso do triplex do Guarujá, deixando mais próxima a possibilidade de Lula vir a concorrer em 2022, poderia igualmente resultar em manifestações pelo país, contra e a favor da decisão. O quadro de polarização poderia se intensificar.
Sérgio Moro além de ser o mais popular do governo, segundo recentes pesquisas, é uma âncora importante do planalto. Ao longo de 2019, circularam alguns rumores de que poderia deixar a equipe ministerial. A eventual saída do ministro seria uma grande perda para Bolsonaro e, também, poderia aumentar as especulações sobre uma eventual candidatura presidencial em 2022.
Vale ressaltar, também, que a situação internacional continua merecendo atenção. O agravamento da disputa comercial entre Estados Unidos e China, embora tenha tido distensão, é um fator com potencial de causar desgaste para as economias emergentes.