Início » Situação e perspectiva para o novo ciclo de reformas

Situação e perspectiva para o novo ciclo de reformas

A+A-
Reset

No dia 5 de novembro, o presidente Jair Bolsonaro entregou ao Senado três Propostas de Emenda à Constituição (PECs) com o objetivo de desengessar o Orçamento da União. Foram elas:

  • PEC da “Emergência Fiscal”, destinada a instituir gatilhos para conter gastos públicos em caso de crise financeira (PEC nº 186/19).
  • PEC dos Fundos, que vai rever 281 fundos públicos (PEC nº 187/19).
  • PEC Mais Brasil, também chamada de Pacto Federativo, para mudar algumas despesas carimbadas no Orçamento, unindo os gastos com saúde e educação (PEC nº 188/19).

As propostas estão sob a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relator da PEC nº 187/19, Otto Alencar (PSD-BA), apresentou seu parecer na semana passada (20) e a sua leitura na CCJ foi agendada para esta semana. Logo em seguida, deve haver um pedido de vista adiando o início da votação para a primeira semana de dezembro.

Alencar ampliou, em seu texto, a destinação das receitas a serem desvinculadas com a extinção de fundos setoriais. A versão original, apresentada no início do mês pelo presidente Bolsonaro, previa o uso do dinheiro na erradicação da pobreza e em investimentos em infraestrutura. No caso desse último item, o relator colocou como prioridade a implantação e a conclusão de rodovias e ferrovias e a interiorização de gás natural produzido no país.

A estimativa do senador é que os recursos de receitas futuras para a erradicação da pobreza e o incremento da infraestrutura sejam de R$ 180 bilhões por ano. O parecer manteve a exigência de que o estoque dos fundos públicos, o que corresponde a R$ 219 bilhões de recursos parados, seja destinado à amortização da dívida pública.

Considerando que o recesso no Congresso começa a partir do dia 23 de dezembro (temos apenas mais quatro semanas de atividade legislativa), conclui-se que não há tempo suficiente para que o plenário do Senado vote o primeiro turno da proposta. No melhor cenário, a matéria pode ser votada na CCJ.

Quanto às PECs nº 186/19 (Emergência Fiscal) e nº 188/19 (Mais Brasil), elas continuam aguardando o parecer dos relatores Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Márcio Bittar (MDB-AC), respectivamente.

Com a PEC da Emergência Fiscal, que permite, entre outros pontos, corte de salário e de jornada de servidores, o governo esperava economizar R$ 20 bilhões em 2020. O próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), reconhece que há resistência ao projeto e que será difícil aprová-lo no Congresso antes do final do primeiro semestre de 2020.

A PEC Mais Brasil permite a incorporação por municípios vizinhos daqueles com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria inferior a 10% da receita total. Levantamentos preliminares apontam para a possível extinção de 1.254 cidades brasileiras. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) resiste ao projeto. Em ano de eleições em todo o país, a matéria também encontrará dificuldades.

Nenhuma das três propostas, portanto, deve ser aprovada pelo Senado este ano, ficando para o próximo. A chance de avanço poderá ocorrer entre fevereiro e maio. Depois disso, o ritmo das atividades legislativas deve cair consideravelmente por conta das campanhas eleitorais.

Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais