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O câncer de Bruno Covas e as consequências políticas

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O prefeito de São Paulo (SP), Bruno Covas (PSDB), teve confirmado o diagnóstico de um câncer no estômago e começou o tratamento de quimioterapia. Em entrevista coletiva no Hospital Sírio-Libanês, a equipe médica coordenada pelo infectologista e ex-secretário da Saúde David Uip, revelou que o tumor sofreu metástase para o fígado e linfonodos da região abdominal.

Por enquanto Covas não pedirá licença do cargo. Entretanto, Uip afirmou na coletiva que o prefeito “tem a responsabilidade de ficar no cargo enquanto possível e terá a possibilidade de deixar o cargo se precisar”.

Caso Bruno Covas precise se afastar da prefeitura, quem assume o cargo temporariamente é o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Tuma (PSDB). Vale recordar que Covas assumiu o mandato em 2018 após a renúncia do hoje governador João Doria (PSDB) para disputar o Palácio dos Bandeirantes.

Segundo o artigo 64 da Lei Orgânica do Município, em caso de impedimento ou vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito, e tendo já decorrido dois anos de mandato, o presidente da Câmara assume o cargo por 30 dias.

Após esse período, uma eleição indireta deve ser realizada pela Câmara para os dois cargos, com a indicação de apenas uma chapa por partido. Cabe à Mesa Diretora editar as regras que regulamentarão esse processo eleitoral. E os eleitos, para prefeito e vice, devem cumprir apenas o período restante do mandato.

Ao menos por enquanto, nesse início de tratamento, o afastamento de Bruno Covas está descartado. Além disso, como houve uma comoção e solidariedade do meio político ao prefeito, eventuais disputas não estão no horizonte.

Entretanto, caso Covas tenha que se afastar da prefeitura por motivo de saúde, poderá ocorrer uma precipitação do cenário sucessório de 2020.

Mesmo que diante da eventual licença de Covas e o cargo for assumido por Eduardo Tuma por 30 dias, após esse período, os partidos com representação na Câmara Municipal darão início as articulações visando a disputa interna, pois controlar a prefeitura mais cobiçada do país em ano eleitoral terá um peso significativo.

Outra consequência do eventual afastamento de Bruno Covas é o acirramento da disputa interna no PSDB. É provável que os chamados tucanos históricos resistam as opções especuladas por aliados de Doria como os deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP).

Sem Covas no páreo, não apenas a estratégia tucana será reavaliada, mas também a dos demais partidos.

Também vale ressaltar que, independente do afastamento ou não de Covas da prefeitura, sua candidatura à reeleição é uma grande incógnita, o que impacta o cenário eleitoral de 2020 na capital paulista e leva os partidos a projetarem o cenário sem sua presença.

Entretanto, caso Bruno Covas obtenha sucesso na recuperação de sua saúde e possa concorrer à reeleição no próximo ano, poderá reverter a baixa popularidade sua administração, já que a narrativa “do prefeito que se curou de um câncer” terá forte apelo.

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