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Análise: Bolsonaro e o PSL, convicção e conveniência

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Sem Bolsonaro, o PSL será um partido rico, mas com uma narrativa empobrecida.

A crise entre o PSL e o presidente Jair Bolsonaro faz parte de um roteiro que envolve conveniência e convicção. Considerando tais aspectos, é natural que a relação entre ambos nunca tenha sido das melhores.

Em 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro precisava de um partido para disputar a Presidência e escolheu o PSL, que, por sua vez, acolheu Bolsonaro como uma aposta que poderia dar certo. Ao filiar-se ao partido, em março de 2018, ele já tinha entre 15% e 20% das intenções de voto.

A união de ambos foi conveniente sob o ponto de vista eleitoral. Porém, sob o ponto de vista de futuro, pode não funcionar caso não haja uma redistribuição de poder interno no partido.

Disputa-se, é claro, o comando do partido na escolha de candidatos e o controle dos fundos eleitoral e partidário. Na eleição do próximo ano, a legenda terá R$ 359 milhões, juntando os fundos partidário e eleitoral.

Na disputa por poder interno, aliados do presidente divulgaram ontem carta cobrando “novas práticas” do comando nacional do PSL.

No limite, a disputa interna poderá resultar em racha. Mas o cenário predominante é o de negociação. O que, pelo menos por enquanto, impediria uma ruptura total que pode levar o PSL a encolher de forma relevante.

Bolsonaro é indiscutivelmente maior do que o PSL. Foi o vetor do sucesso do partido nas eleições. Sem Bolsonaro, o PSL será um partido rico, mas com uma narrativa empobrecida. Continuará a existir, mas perderá densidade política.

Para aliados do presidente, sair do PSL é um problema jurídico. Mas não é incontornável. Sob o ponto de vista financeiro, a mudança para uma outra agremiação que não tenha fundos abundantes será ruim. Mas não é o fim do mundo.

Afinal, a lealdade ao presidente poderá render frutos que compensam as perdas. Em política, convicção e conveniência são relativos e dependem das circunstâncias.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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