Devido aos últimos assuntos internacionais envolvendo o presidente Jair Bolsonaro, a tendência é que a abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) seja pautada pela Amazônia e a defesa da soberania brasileira na região, mas sem entrar em conflitos diplomáticos.
Bolsonaro deverá tratar das atuações brasileiras para o combate e o controle aos incêndios na região, além de acalmar a visão dos outros países em relação à situação da Floresta.
Bolsonaro deverá ainda citar dados que apresentam uma queda em 20% de homicídios no Brasil no primeiro semestre. A entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a proximidade com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também poderão ser parte do discurso presidencial na Assembleia-Geral.
O Itamaraty monitora o risco de boicote ao discurso de Bolsonaro, mas não demonstra preocupação. O gabinete do chanceler, Ernesto Araújo, acompanha de forma mais pragmática as ameaças. Núcleos não tão próximos, entretanto, veem com preocupação a possibilidade de boicote a produtos brasileiros por parte de consumidores e empresas internacionais, como retaliações à importação de couro brasileiro. Os boicotes não devem trazer tanto impacto prático, mas mostrarão uma mudança mais radical à imagem multilateralista que o Brasil transmitia até 2018, pondera o analista político Ricardo Mendes, sócio-diretor da Prospectiva.
A ida do presidente Bolsonaro a Nova York será a retomada da agenda externa brasileira. Estão previstas viagens do chefe do Executivo federal para Japão, China, Emirados Árabes e Arábia Saudita. E, em novembro, o Brasil sediará a cúpula do Brics, bloco formado com a participação da Rússia, Índia, China e África do Sul.
As viagens à Ásia terão como objetivo abrir portas e emplacar outros setores não tão bem aproveitados. O Brasil mostrará que cumpre os padrões de qualidade exigidos pelos parceiros comerciais. A visita à China é uma das mais esperadas. Depois de um início de relação desgastada, com algumas desavenças em razão da proximidade sinalizada pelo governo brasileiro com os EUA, Bolsonaro terá a oportunidade de aprimorar o relacionamento com o principal parceiro comercial do país.
Tradicionalmente, o discurso de um presidente da República brasileiro abre a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O costume não está previsto em nenhum estatuto, mas é um reconhecimento ao Brasil, um dos fundadores e o primeiro a aderir à organização, criada em 1945. Ao todo, 193 estados-membros compõem a Assembleia Geral.