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O PSL, o PT e as eleições municipais

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Após se firmarem como os dois polos de poder na política nacional após as eleições de 2018, o PSL e o PT terão de enfrentar as eleições municipais de 2020. Interessa às duas legendas manter a atual polarização como forma de esvaziar o centro e prorrogar a narrativa do bolsonarismo versus lulismo pelo menos até a sucessão presidencial, em 2022.

No PSL, o maior objeto de desejo é a prefeitura de São Paulo, hoje com Bruno Covas (PSDB). Para o partido do presidente Jair Bolsonaro, a conquista da capital paulista não apenas fortaleceria a sigla, por atingir em cheio os tucanos em sua principal vitrine, como também imporia uma derrota simbólica ao governador João Doria (PSDB), visto hoje como o principal adversário de Bolsonaro em 2022.

Nesse sentido, a decisão do PSL de expulsar o deputado federal Alexandre Frota (SP), que se absteve de votar a favor da Reforma da Previdência no segundo turno, contrariando a orientação do partido, tem potencial para fortalecer o grupo do também deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), mesmo que o filho do presidente tenha de abrir mão de seu mandato se for aprovado pelo Senado para assumir o cargo de embaixador do Brasil em Washington.

Hoje, a líder do governo no Congresso, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), é considerada a provável candidata do partido à prefeitura de São Paulo em 2022. No entanto, a expulsão de Frota representou para ela a perda de um aliado interno, uma vez que ela é adversária do grupo dos deputados Eduardo Bolsonaro, Coronel Tadeu e Carla Zambelli e, ainda, do senador Major Olímpio.

Assim, a expulsão de Frota, mesmo que venha a ser acompanhada da ida de Eduardo Bolsonaro para os EUA, pode representar um obstáculo ao desejo de Joice de se candidatar pelo PSL à prefeitura paulista. Joice, porém, é o nome mais forte no PSL para o posto, não havendo por ora um plano B na sigla. Mesmo com resistências a seu nome, a deputada tende a prevalecer na disputa.

Frota fez fortes críticas ao presidente Bolsonaro após a expulsão do PSL. Em entrevista à Folha de S.Paulo na última sexta-feira (16), ele definiu Bolsonaro como “um grande idiota ingrato que não sabe nada. Aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência”.

Atento ao rompimento de Frota com o PSL, Doria articulou sua filiação ao PSDB. O movimento do governador reforça o distanciamento do governo de São Paulo de Jair Bolsonaro. Deputado eleito por São Paulo, Frota pode funcionar como peça importante para Doria tanto na disputa municipal de 2020 na capital quanto no pleito presidencial de 2022.

Outro polo da política brasileira, o PT também terá desafios a enfrentar. O partido, que está com dificuldade de construir uma agenda de futuro para o país e continua refém da bandeira “Lula Livre”, terá de superar uma disputa interna e traçar uma estratégia para as eleições municipais de 2022.

Após a violenta derrota eleitoral na disputa de 2016, o PT tentará conquistar capitais, sobretudo no Sudeste e no Nordeste, ampliando sua influência para além dos pequenos e médios municípios.

Antes disso, porém, realizará, em novembro, o seu VII Congresso Nacional, quando será escolhido o novo presidente da sigla. Para permanecer no posto de presidente, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-SP) conta com o apoio do ex-presidente Lula e da corrente majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que comanda o diretório desde 1995.

Contudo, setores do PT liderados pela corrente Mensagem ao Partido – que integra o movimento Muda PT, principal antagonista da CNB nas disputas internas – gostariam de ver o ex-prefeito paulista e candidato à Presidência da República em 2108, Fernando Haddad, no lugar de Gleisi.

Independentemente de quem vença essa disputa interna, a tendência é que o PT continue sendo conduzido pela agenda “Lula Livre”, ao menos enquanto o ex-presidente permanecer preso. Além de ser o líder máximo da legenda, tal narrativa funciona como fator de unidade interna. É nesse cenário que, afora a discussão em torno da escolha de seu novo presidente, o PT terá o desafio de construir uma estratégia para as eleições de 2020.

O partido precisará, além de manter a hegemonia no campo da esquerda, melhorar seu desempenho nos grandes colégios eleitorais do Sudeste. Precisará também conquistar grandes prefeituras no Nordeste, região em que Haddad derrotou Bolsonaro na eleição presidencial do ano passado.

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