Dentro do objetivo de “fugir” do desgaste que a política tradicional enfrenta entre a opinião pública, o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), encaminhou um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o partido volte a se chamar Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
A tendência é que a alteração seja concretizada na convenção nacional peemedebista, marcada para 27 de setembro.
A decisão do PMDB de reeditar a legenda utilizada durante a ditadura militar, ou seja, MDB, retira a sigla “P” de “Partido” justamente num momento em que os partidos políticos passam por um grande desgaste.
A mudança proposta por Jucá não representa uma novidade. Já vem ocorrendo em diversos partidos ao longo dos últimos anos. Por exemplo, em 2007, o então PFL mudou seu nome para Democratas.
Anos depois, em 2013, embora não tenha conseguido registrar seu partido para concorrer nas eleições presidenciais de 2014, a ex-senadora Marina Silva criava o Rede Sustentabilidade. Em 2017, o deputado federal Paulinho da Força (SP), então filiado ao PDT, criou o Solidariedade (SDD), legenda também sem a letra “P”.
Este ano, o PTN se transformou em Podemos e já recebeu as filiações dos senadores Álvaro Dias (PR) e Romário (RJ). O PSL mudou de nome para Livres, enquanto o PEN, após receber a filiação do deputado federal e pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (RJ), transformou-se em Patriotas.
Há ainda siglas em processo de mudança de nome, também excluindo a letra “P” de “Partido”. Por exemplo, o PTdoB deve mudar para Avante, enquanto o PSDC quer se transformar em Democracia Cristã. O PP é outro que se reposicionará no mercado eleitoral. Após consultas, ficou definido que a legenda mudará seu nome para Progressistas.
Tendência mundial
Além do desgaste dos partidos políticos, há outra explicação para as siglas estarem mudando de nome. Vivemos atualmente uma conjuntura chamada na Europa de movimento-partido. Ou seja, como a questão ideológica pesa cada vez menos na hora de o eleitor definir seu voto, as siglas estão se reposicionando no mercado eleitoral com o objetivo de angariar mais simpatizantes.
Aliás, vale registrar que mesmo o PT, embora mantenha a letra “P” em seu nome, é hoje totalmente dependente do ex-presidente Lula. E o chamado lulismo é muito mais um movimento que um partido.
Diante desse cenário, os partidos “viram” movimentos com uma plataforma mais heterogênea, ampliando o alcance de sua mensagem na sociedade. Aliás, foi dentro dessa estratégia que o Podemos, na Espanha, e o Em Marcha, na França, obtiveram grande sucesso eleitoral recentemente.