Alguém poderia supor, em 2014, que Rodrigo Maia seria presidente interino da Câmara dos Deputados? Muito difícil. Maia foi presidente interino, presidente eleito da Câmara e ocupou interinamente a presidência da República algumas vezes. Nos dias de hoje, seu nome foi cogitado para a Presidência interina caso Michel Temer fosse julgado pelo STF.
A trajetória de Rodrigo Maia inclui as duas vertentes de criação do sucesso na política como veremos adiante. Elegeu-se deputado federal em 1999 e está em seu quinto mandato. Durante quinze anos foi considerado pelo DIAP um dos cem parlamentares mais influentes do Congresso. Mesmo não sendo um nome popular, conseguiu se reeleger com votações crescentes. Da mesma forma que, em seu partido, o DEM, chegou à liderança.
Enfim, Maia construiu seu futuro político passo a passo até chegar à presidência da Câmara em um cenário no qual poucos acreditavam que ele poderia ir tão longe. Ao longo dos anos, estruturou uma rede de aliados e simpatizantes. Inclusive na oposição, que o privilegia com visitas constantes à residência oficial do presidente da Câmara. Aldo Rabelo e Orlando Silva, por exemplo, são habitués da casa de Maia em Brasília, onde transitam parlamentares de todos os partidos e quase todas as tendências.
Decisões acertadas
Para chegar onde chegou, exerceu aquilo que Maquiavel considerava uma das faces da virtude: a capacidade de tomar decisões corretas. Que, ao final de contas, o favoreceu quando a fortuna bateu à sua porta. Evidentemente, o acaso sempre tem voto decisivo.
De nada valeria Maia ter feito uma consistente carreira na Câmara dos Deputados se não houvesse o inesperado. Primeiro, a cassação de Eduardo Cunha. Depois o impeachment de Dilma Rousseff. Por fim a escolha como presidente-tampão da Câmara pelo fato de que poucos acreditavam – menos ele – que poderia se viabilizar como candidato à eleição pouco depois.
Maquiavel trata do acaso na política. Ele o chama de fortuna, que seriam os eventos inesperados e transformadores. Maia teve a boa fortuna a seu favor. Mas nunca deixou de tomar decisões que se tornaram as escolhas que o fundamentaram para o grande momento. Ao manter o apoio a Michel Temer, em meio à insistência da imprensa de que teria sido picado pela mosca azul, Maia deu uma lição a todos.