A disputa por 14 deputados federais do PSB que têm votado com o Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados gerou uma pequena divergência – já superada – entre o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Após Maia ter demonstrado interesse em atrair esses parlamentares socialistas para o DEM a fim de aumentar o peso da bancada de seu partido (que cresceria de 29 para 43 parlamentares), Temer convidou os dissidentes do PSB a se filiarem ao PMDB. Com essas possíveis adesões, a bancada peemedebista cresceria de 62 para 76 deputados.
Para evitar maiores problemas, na quarta-feira passada (19) Temer jantou com Maia e desmentiu a boataria de que o Planalto estaria agindo para evitar o fortalecimento do DEM. O jantar contou com a presença dos ministros das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), da Secretaria de Governo, Antonio Imbasshy (PSDB-BA), e da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE). O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), participou.
Esse pequeno “atrito” entre os aliados Temer e Maia mostra que o Planalto e sua base buscam se robustecer às vésperas da votação da denúncia movida pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente.
De um lado, Temer tenta angariar o maior número de votos em torno do PMDB para diminuir o custo da negociação com os demais partidos da base. De outro, Maia trabalha para o crescimento do DEM e a valorização do seu passe nessa importante e decisiva votação. Além disso, ao procurar atrair esses 14 parlamentares do PSB, Maia visa ampliar a força de seu partido. Vale recordar que está disponível no tabuleiro um espaço a ser ocupado no campo da centro-direita.
Com PMDB e PSDB desgastados e movimentos de rua ainda sem conseguir projetar uma liderança nacional de peso, como o Movimento Brasil Livre (MBL), Maia emite sinais de que deseja fortalecer o DEM nesse campo e recuperar parte do protagonismo perdido pela sigla após 2003.