Em meio à guerra santa aberta contra o presidente Michel Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sofreu importantes derrotas na semana. Sua denúncia de corrupção passiva contra o presidente traz mais espuma do que conteúdo. É um documento politicamente forte e juridicamente frágil. Sem fatos novos, a Câmara dos Deputados não deve aceitá-lo.
Derrota 1: Raquel Dodge
A escolha pelo presidente da subprocuradora-geral Raquel Dodge para chefiar a Procuradoria-Geral da República (PGR) logo após o anúncio da lista tríplice oferecida pelo Ministério Público Federal com indicações para substituir Janot, que deixará o cargo em setembro, foi uma grande derrota. Era o nome que ele não queria ver escolhido de maneira nenhuma.
Derrota 2: Aécio no Senado
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de devolver o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao exercício de seu mandato foi outra pancada e contraria frontalmente as teses de Janot. No mínimo, fortalece o mundo político para enfrentar seus ataques.
Derrota 3: Rocha Loures em casa
A transformação da prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial de Temer, em prisão domiciliar foi outra derrota. Talvez a menos contundente, já que existe a suspeita de que a decisão possa se relacionar com uma possível futura delação premiada. Uma delação contundente de Loures contra Temer reverteria os equívocos e tropeços de Janot.
A decisão do STF de validar os acordos de delação feitos pela PGR era mais do que esperada. Porém, a ressalva de que podem ser anulados se existirem vícios ou descumprimento do combinado foi mais do que adequada. Não pode, portanto, ser considerada uma derrota para ele.
Futuros ataques
Considerando o quadro, Janot terminou a semana enfraquecido. Mas, como é de seu feitio, anunciou que permanecerá no ataque.
“Até dia 17 de setembro, a caneta estará na minha mão. Enquanto houver bambu, vai ter flecha” – Rodrigo Janot, Procurador-geral da República.
Assim, as expectativas são de que Janot vai continuar a atacar o mundo político até sua saída.
Os ataques virão por meio de declarações contundentes contra os investigados, visando alimentar o circo midiático; pela já esperada nova denúncia contra Temer; e por outras denúncias contra políticos. O processo deve incluir vazamentos para a imprensa, de modo a manter o ambiente tenso e constranger o mundo político a aceitar a denúncia na Câmara.
Sem alimentar a fogueira política de Brasília, Rodrigo Janot perderia brilho e importância no final de seu mandato. O que não lhe interessa, já que possui planos ambiciosos para quando deixar o cargo.