Enfraquecido pela prisão de Rocha Loures, com a oposição aberta da Rede Globo – principal conglomerado de comunicação do país –, ameaçado de abandono pelo PSDB e sem colchão de popularidade (fruto da incapacidade de tratar do tema de forma estratégica), o governo Temer enfrentará o reinício do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em situação de fragilidade.
Antes do episódio Joesley Batista/Rocha Loures, existia a predisposição de manter o governo Temer incólume no tocante ao julgamento do TSE. O país iniciava a recuperação econômica, as reformas avançavam e os eventuais pecados de Temer se referiam a um passado que precisava ser superado.
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No entanto, as denúncias de Joesley Batista envolveram o presidente em problemas atuais e em conexão com os temas em discussão no Tribunal. Por exemplo, Joesley falou que dinheiro de caixa 2 do PT abasteceu, por seu intermédio, o caixa do PMDB na campanha passada.
Buscas por pedido de vista
Assim, na terça-feira, será reiniciado o julgamento em um ambiente muito negativo para Temer. Antes havia a certeza de que ele contaria com, pelo menos, quatro votos em sete para manter-se no cargo. Hoje já não há essa certeza. Na conta a favor de Temer existe o risco de, pelo menos, duas surpresas negativas. O que pode resultar em uma retumbante derrota.
Face ao risco de derrota, os aliados de Temer devem buscar o pedido de vistas visando paralisar o andamento do processo e dar tempo ao tempo para ver se o ambiente muda.
O que pode mudar o jogo a favor de Temer? Primeiro é a isenção de culpa nos atos de Rocha Loures. Caso o ex-deputado assuma que os atos praticados nada tinham a ver com Temer, o presidente ganha fôlego.
O segundo fato refere-se à perícia da gravação de Joesley com Temer. Se a Polícia Federal disser que a gravação é nula para efeito de prova, Temer também ganha força e, provavelmente, irá contra-atacar.
Existem três possibilidades para os eventos do TSE desta semana:
a) adiamento do julgamento mediante pedido de vistas;
b) conclusão do julgamento com a rejeição do voto do relator;
c) conclusão do julgamento com aprovação do voto do relator.
O adiamento parece ser a alternativa mais provável. E, possivelmente, já deverá ocorrer no voto seguinte ao do ministro Herman Benjamim. O ministro Napoleão Nunes Maia, que era considerado voto a favor da separação da chapa para efeitos do julgamento, pode ser o primeiro a pedir vistas.
Apesar de Gilmar Mendes, presidente do TSE, declarar que não interessa ao tribunal arrastar o julgamento por semanas, não há consenso sobre o que deve acontecer e se a saída para a crise política deve ser dada pela Corte Eleitoral.