Início » A guerra institucional que pode se instalar no Judiciário e Legislativo

A guerra institucional que pode se instalar no Judiciário e Legislativo

A+A-
Reset


Quarenta dias depois que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi afastada, o cenário político de médio prazo ganhou nitidez, mas no horizonte nuvens carregadas ainda permanecem estacionadas, ameaçando as previsões meteorológicas. Por exemplo: a tendência é a confirmação do impeachment da presidente afastada por duas razões: o sistema político não a tolera, e nada ocorreu, desde seu afastamento, que trabalhe a seu favor.

O fato de Dilma já ter se tornado história não significa que o processo de impeachment acabará com a crise política. Pelo contrário, a crise poderá ganhar ainda mais intensidade com o julgamento de políticos pelo Supremo Tribunal Federal e a expansão das investigações da Operação Lava-Jato para outras áreas do campo da governabilidade, bastante abalado pelos recentes embates ocorridos na praça dos Três Poderes.

É o prenúncio de uma guerra institucional que se avizinha. Em breve, o afastamento de Dilma Rousseff será o menor dos problemas na pauta. O Congresso vai reagir aos últimos acontecimentos, pois os parlamentares acreditam que as iniciativas recentes do procurador geral da República, Rodrigo Janot, e de seus procuradores extrapolaram os limites da institucionalidade.

Vazamentos de informações muito graves, pedidos de prisão de parlamentares que detêm o mais alto poder da República e a quebra de segredos de Estado jamais cogitados nem sequer pela elite que controla as variáveis do começo e do fim da história tornaram-se exemplos vulgares da marcha implacável das sentenças da Lava Jato.

O impeachment de Janot, ainda que difícil de concretizar-se, está sendo tratado como uma possibilidade. Entre deputados e senadores, a indignação também alcança o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que, para se livrar de uma pesada pena, teria jogado gregos e troianos no baú de suspeitos. A velha tática de misturar verdades e mentiras com ênfase nas mentiras.

Considera-se a criação de uma CPI das delações, que chamaria todos os que fizeram acordos de delação, bem como juízes e promotores, para depor perante o Congresso Nacional. Seria uma forma de o Legislativo mostrar seu desagrado com os rumos dos acontecimentos e tentar recuperar terreno: ameaçar o procurador geral com impeachment e expor as entranhas dos acordos de delação no palco parlamentar.

Há algum tempo, o sistema político suplica que se imponha um mínimo de previsibilidade aos desdobramentos da Lava Jato e seus sucedâneos. O Judiciário responde que o suplício do mundo político ainda está longe de acabar, pois nem todos foram passados a limpo pela Corte de Curitiba.

Paradoxalmente, a agonia une todos: do PT ao PSDB, o que poderá gerar uma reação comum.

O certo é que a crise política vai continuar presente no horizonte próximo. Seja por conta das delações, que atingem ministros de Estado, seja pela guerra institucional que se instalará entre o Judiciário e o Legislativo. Como tudo o que está ruim pode piorar, Brasília fervilha de boatos sobre dossiês e grampos telefônicos de figuras ilustres de ambos os lados da guerra institucional.

O que trabalha para a situação não desandar é o avanço, ainda que modesto, da pauta econômica. Em meio à confusão instalada, as perspectivas da agenda do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, são positivas.

Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais