Apesar de vender a necessidade de aumentar a arrecadação de impostos para salvar a economia, o governo considera cada vez mais difícil a aprovação da CPMF, principal medida do pacote fiscal da presidente Dilma Rousseff. O Palácio do Planalto observa uma crescente onda contrária à recriação do imposto do cheque. Pelas contas do governo, há apenas 200 votos dos 308 necessários para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Acendeu o sinal vermelho a declaração de independência do novo líder do Partido Progressista (PP) na Câmara, o ex-ministro Aguinaldo Ribeiro (PB). Ele se posicionou contra o imposto. Ribeiro venceu a disputa contra Cacá Leão (BA), candidato apoiado pelo ex-líder Eduardo da Fonte (PE). O ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) trabalhou diretamente pela eleição do derrotado.
Na bancada peemedebista, o líder reeleito Leonardo Picciani (RJ) não conseguiu reunir os apoiadores da candidatura do deputado Hugo Motta (PB), cujo maior fiador foi o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Cunha contabiliza contra o imposto os 30 deputados que votaram em Motta. Além disso, aliados de Picciani descartam a contribuição em ano eleitoral.
Nem o PT aceita a CPMF
Nem entre os petistas do imposto é bem recebida. Aliado de primeira ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Andres Sanchez (PT-SP) já avisou: da maneira que o governo quer, vota contra a CPMF. Já o deputado Lincoln Portela (PR-MG) prevê uma situação duríssima para o governo. “Só se você acreditar em Papai Noel”, avalia. Pelo PSB, o deputado Tenente Lúcio (MG), também diz que não vai embarcar nessa, afirma.
Na avaliação do Palácio do Planalto, a solução será acrescentar penduricalhos em medidas provisórias do pacote fiscal. Poderá ter êxito, mas são remotas as chances de onerar o contribuinte com a CPMF em plena campanha da eleição deste ano para vereadores e prefeitos.