Nas últimas semanas, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) tem partido para o ataque contra o PMDB. Seu alvo é o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), a quem acusa de ser o “capitão do golpe” contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Ciro tenta desgastar a imagem de Temer também afirmando que o vice-presidente é “homem” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os movimentos de Ciro Gomes podem ser definidos como uma tentativa de retomada do legado do ex-governador Leonel Brizola. Aliás, não foi por acaso que Ciro, juntamente com seu irmão Cid Gomes, trocou o PROS pelo PDT e já lançou-se como pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto em 2018.
Além de ter escolhido o partido fundado por Brizola como destino, Ciro Gomes e o PDT lançaram recentemente, junto com outros partidos de esquerda, o movimento Golpe Nunca Mais, também chamado de Nova Rede da Legalidade.
A ideia de Ciro é repetir o que fez Brizola em 1961, quando então o governador do Rio Grande do Sul liderou uma mobilização nacional para garantir a posse do então vice-presidente João Goulart diante da renúncia do presidente da época Jânio Quadros. Em 61, Brizola utilizou as rádios para, por meio da Rede da Legalidade, adiar o golpe militar de 1964 por três anos. Agora, Ciro, utiliza estratégia similar para tentar impedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Politicamente, o engajamento de Ciro Gomes na defesa do mandato de Dilma Rousseff contribui pouco para a presidente. Embora o apoio do PDT seja importante na atual crise, o perfil explosivo do ex-ministro poderá afastar ainda mais o PMDB do governo. Além da família Gomes ser adversária de Temer e Cunha, também possuem divergências no Ceará com o líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira.
No entanto, Ciro Gomes tem conseguido visibilidade importante para seu projeto de ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018. Ao defender Dilma e ao mesmo tempo fazer críticas as “más parcerias” do governo, Ciro sinaliza para o eleitorado de esquerda/centro-esquerda que está desiludido com a crise ética que atingiu o PT nos últimos anos.
Utilizando um perfil que lembra o de Leonel Brizola e estando filiado ao partido do grande líder do trabalhismo após Getúlio Vargas, Ciro e o PDT parecem apostar que através desse discurso seja possível a sigla sonhar com a retomada do espaço que foi perdido por Brizola para Lula durante o primeiro turno da eleição presidencial de 1989.
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