O governo Lula (PT) tem uma série de complexos desafios pela frente. No plano internacional, o recente confronto entre o Irã e Israel poderá afetar o Brasil. Uma eventual escalada do conflito poderá envolver, por exemplo, o preço dos combustíveis. Além disso, forçaria o governo brasileiro a se posicionar. Outro desafio no plano internacional são as eleições na Venezuela. Os sinais até agora são de que o pleito, mais uma vez, ocorrerá num contexto de limitações democráticas. Se Maduro for reeleito, o governo brasileiro será pressionado a se manifestar. E, nos Estados Unidos, o possível retorno do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca também pode trazer problemas para Lula.
No plano doméstico, os desafios do governo também são grandes. Os problemas na articulação política, em consequência dos embates com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), aumentam o custo da governabilidade e podem impactar a sucessão do comando da Casa, em fevereiro de 2025.
O debate econômico também é um foco de ruídos. Os sinais emitidos de que o governo poderá mexer na meta fiscal gera incertezas nos agentes econômicos, aumentando a desconfiança em relação ao cumprimento do arcabouço fiscal. Embora a insatisfação do mercado não afete, no curto prazo, a popularidade de Lula, poderá deteriorar expectativas futuras, piorando as projeções econômicas para os próximos anos. Esse ruído é ruim para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um dos principais interlocutores do governo com o mercado.
Lula terá desafio ao escolher o presidente do BC
Ainda no debate econômico, outro desafio será a sucessão no Banco Central (BC). O presidente do BC, Roberto Campos Neto, conta com a confiança e o respaldo dos agentes econômicos. Assim, o governo terá o desafio de escolher um sucessor que também transite bem no mercado, evitando turbulências.
E temos ainda as eleições municipais de outubro, quando o PT tentará interromper a perda de prefeituras ocorrida nos pleitos de 2016 e 2020. Embora os pleitos municipais não necessariamente tenham uma relação direta com a disputa nacional de 2026, um novo resultado ruim do PT criará a narrativa de que o partido saiu enfraquecido.