Durante café da manhã nesta quinta (12) com jornalistas que fazem a cobertura diária da Presidência da República, o presidente Lula disse estar convencido de que as portas do Palácio do Planalto foram abertas para a entrada de terroristas que depredaram a sede do Poder Executivo no domingo passado (8).
O presidente afirmou que está “esperando a poeira” dos ataques terroristas “baixar” para ver que mais providências pode tomar. O presidente acrescentou que ainda quer rever as imagens registradas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.
Para ele, houve “muita gente” da Polícia Militar do Distrito Federal e das Forças Armadas “conivente” com os criminosos. “Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui. Nós vamos com muita calma investigar e ver o que aconteceu de verdade”.
Após as cenas de destruição na praça dos Três Poderes no domingo, a polícia, o governo do DF e as Forças Armadas foram criticados pela atuação diante do vandalismo promovido pelos manifestantes. Vídeos mostram o que parece ser a conivência de policiais com manifestantes. Um grupo de policiais, por exemplo abre passagem e observa enquanto o prédio do Congresso é invadido.
Lula disse também afirmou que pretende fazer uma “triagem profunda” para identificar militares que ocupam cargos no governo e, então, formar um “gabinete civil”. O presidente disse que “o Palácio estava repleto de bolsonaristas, de militares, e nós queremos ver se a gente consegue corrigir para que possamos colocar funcionário de carreira, de preferência funcionários civis, ou que estavam aqui ou que foram afastados, para que isso aqui se transforme em um gabinete civil”.
Ministro da Defesa continua
Lula afirmou que que José Múcio permanecerá à frente do Ministério da Defesa e que Forças Armadas não são “poder moderador, como pensam que são”. O papel dos militares, definido na Constituição, “é a defesa do povo brasileiro e da nossa soberania contra possíveis inimigos externos”
O ministro José Múcio vem sendo criticado por ter defendido solução negociada para a crise envolvendo os acampamentos localizados em frente a quarteis, reivindicando ação das Forças Armadas para impedir a posse de Lula. Os grupos acampados em frente a quarteis foram, finalmente, removidos no início da semana por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
“Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu quem trouxe para o governo. Ele vai continuar sendo meu ministro porque eu confio nele. Há relação histórica, tenho o mais profundo respeito por ele. Ele vai continuar”, disse o presidente.
Lula afirmou que “todos cometemos erros” e que Múcio permanece no governo porque é de sua confiança. “Se eu tiver que tirar cada ministro a hora que ele comete um erro, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros”.