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O voto retrospectivo no ex-presidente Lula

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O ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto neste momento, está sendo beneficiado por dois aspectos: 1) a inflação que desgasta o governo Jair Bolsonaro; 2) a preferência por Lula a partir de uma decisão de voto retrospectiva. Na semana passada, em entrevista concedida ao portal UOL, o diretor do instituto Ipespe, Antonio Lavareda, afirmou que as pessoas declaram voto em Lula “pelo que ele fez, não pelo que ele faz”. Ao que tudo indica, essa decisão de voto retrospectiva decorre da memória positiva que o governo Lula deixou na economia.

De acordo com o Quaest, quando os entrevistados foram questionados sobre em qual governo conseguiam comprar mais com o salário recebido, 62% citaram Lula. Apenas 10% mencionaram Jair Bolsonaro (PL), o segundo mais lembrado. A pesquisa também indicou que, para 58% dos entrevistados, Lula fez um governo positivo. Já para 23%, seu governo foi regular. Apenas 18% avaliaram que a gestão do ex-presidente foi negativa.

Em relação às condenações de Lula, a pesquisa detectou uma divisão na opinião pública: 48% disseram que o ex-presidente foi condenado corretamente na Justiça, enquanto 43% afirmaram que a condenação foi injusta. Mesmo que o tema da corrupção traga desgaste a Lula, a preponderância do fator “economia” no debate eleitoral beneficia o ex-presidente. A memória positiva da Era Lula, combinada com a atual pressão da inflação sobre os
salários, faz com que o legado do lulismo prevaleça na opinião pública. Como consequência da inflação, também houve uma redução do antipetismo. Segundo o Quaest, quando os eleitores foram questionados sobre o que mais gera medo, 52% citaram a continuidade de Bolsonaro no poder, enquanto 35% apontaram a volta do PT ao Planalto.

Outro aspecto a ser destacado é que, para 62% dos entrevistados, Jair Bolsonaro não merece um segundo mandato. Já 36% revelaram acreditar que Bolsonaro merece mais um mandato. Em relação a Lula, 54% querem a volta do ex-presidente; e 43% não querem o seu retorno. Como inexiste hoje uma alternativa competitiva na “terceira via”, o contraste entre Lula e Bolsonaro é favorável ao ex-presidente. Num cenário em que a inflação produz insatisfação social, o eleitor procura lembranças do último governo em que sentiu bem-estar econômico e social no dia a dia. Por isso opta por um voto retrospectivo em Lula.

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