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A comunicação da campanha de Doria – por Carlos Borenstein

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O prefeito de Jundiaí (SP), Luiz Fernando Machado (PSDB), foi escolhido pelo governador de São Paulo (SP), João Doria (PSDB), para coordenar sua campanha à Presidência da República.

Luiz Fernando é um jovem líder tucano. Chegou ao poder em Jundiaí, o sétimo maior município de SP, nas eleições de 2016. Se elegeu (2016) e reelegeu (2020) na onda do antipetismo e possui bom relacionamento com o Movimento Brasil Livre (MBL).

Com uma forte atuação nas mídias sociais, o prefeito se aproximou de Doria nas prévias nacionais do PSDB que definiram o governador como o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto.

Ao comentar para o “Estadão” qual deve ser o mote da campanha de João Doria ao Planalto, Luiz Fernando Machado avaliou que temos de colocar ao eleitor o sucesso da gestão, as boas entregas. Isso hoje não reflete na imagem do governador. Entendo que a comunicação deva ter essa efetividade ao tratar dos benefícios que o governo em São Paulo proporcionou para o Estado e o quanto isso pode ser reproduzido no Brasil, sob o aspecto do crescimento econômico, geração de emprego e amparo social”.

Além de Luiz Fernando, a equipe de comunicação de Doria é composta pelos marqueteiros Chico Mendez e Guillermo Raffo, que comandaram o marketing da campanha do secretário estadual da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), à Presidência em 2018, quando Meirelles concorreu pelo MDB.

O prefeito e coordenador da campanha de Doria demonstra preocupação com a estratégia adotada pelo PT de avançar sobre líderes históricos do PSDB como o ex-presidente FHC, o senador Aloysio Nunes Ferreira e o ex-governador Geraldo Alckmin, que embora tenha saído do partido, possui um forte prestígio em SP.

A aproximação de Lula com Alckmin e os chamados líderes tucanos históricos é uma ameaça não apenas não apenas para Doria, pois aumenta a divisão no PSDB, mas também para a campanha do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), já que está em curso também uma aproximação de Alckmin e o ex-governador Márcio França (PSB) com o PT na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

O desafio do marketing da campanha de João Doria não será pequeno. Segundo informação trazida, na semana passada, pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, as pesquisas qualitativas realizadas pelo PSDB apontam que a rejeição a Doria é pessoal e não tem relação com a gestão estadual.

Uma das explicações para essa rejeição pessoal de João Doria é que ele exagerou no “marketing da vacina” quando apostou na coronavac e também nos fortes embates que travou com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim, aos olhos de importante parcela da opinião pública, Doria utilizou a vacina para, supostamente, tentar se alavancar politicamente. Além disso, como consequência dos embates com Bolsonaro, Doria acabou se tornando alvo da base social bolsonarista, que no auge da pandemia realizava diversas manifestações em SP tendo Doria como alvo.

Como Doria é um líder político midiático, reduzir essa rejeição não será fácil, pois ele já é conhecido de uma parte expressiva da população. Assim, a estratégia inicial é reduzir as aparições públicas de Doria, focando sua atuação no governo de SP.

Outro problema detectado pelas pesquisas é que o slogan de “pai da vacina”, que João Doria utilizou bastante nas prévias do PSDB, se diluiu como ativo eleitoral. Como a vacinação avançou bastante no país, a bandeira acabou se diluindo e a opinião pública não atribui a nenhum político ou governo a campanha de imunização.

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