A ironia das ironias no meio econômico brasileiro é que o mais liberal e ortodoxo ministro da Fazenda de todos os tempos, Paulo Guedes, será obrigado a ser o mais keynesiano de todos. A agenda de Guedes tinha quatro metas: atacar a questão da Previdência; reduzir a taxa de juros; fazer a Reforma Tributária; fazer a Reforma Administrativa. As duas primeiras foram cumpridas e nos permitem enfrentar melhor o que vem por aí.
Mas a agenda de Guedes não será salvar as contas públicas do governo. Sua tarefa será salvar a economia brasileira, para não retrocedermos a uma desorganização econômica e social de proporções épicas. Por mais irônico que possa ser, ele é o homem talhado para o desafio. E já percebeu que o setor privado pode quebrar e não ter capacidade de pagar impostos e salários.
Na medida em que a equipe econômica saiba que sua missão é evitar que o desemprego pule para 20% ou mais e salvar a economia do país, tudo o que precisará ser feito será. O eventual sucesso de Guedes é um dos dois componentes que podem salvar o governo Bolsonaro do isolamento político e mantê-lo competitivo para 2022. O outro, como mencionado anteriormente, é o enfrentamento eficaz da crise do coronavírus.