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O fim do governo ou o milagre da ressurreição

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A esta altura dos acontecimentos, existem duas alternativas: o fim do governo Dilma Rousseff ou o milagre da ressurreição. Considerando-se que o estoque de milagres está escasso, a primeira opção parece ser o caminho natural.

Desde a vitória de Pirro, com a eleição de Leonardo Picciani para líder da facção governista do PMDB, nada aconteceu que pudesse aliviar a morte do governo. Somente uma sucessão de derrotas, equívocos e trapalhadas.

No início de março, tínhamos certeza de que os tempos da crise iriam se acelerar. E de que, provavelmente, entraríamos num processo irreversível de morte do atual governo. É o que está acontecendo. A cada dia, a sustentação da presidente Dilma se limita aos apaniguados de sempre, aos que vivem pendurados em verbas e cargos e defendem seu quinhão. Não têm voto nem discurso.

Nas últimas quatro semanas, não houve sequer uma notícia que significasse alívio ou esperança concreta de sobrevivência. Pelo contrário: nas próximas semanas, o governo deverá ser derrotado na Câmara, e a saída de Dilma se tornará realidade. A presidente está como um lutador de videogame que, a cada segundo, vê crescer o número de inimigos a seu redor. E, ao adotar um discurso bolivariano antigolpe, amplia o fosso com a sociedade e com o mundo político.

Paradoxalmente, o governo trabalha a favor do processo de impeachment ao criar essa narrativa de vítima, de desqualificação institucional do processo e, ainda, de alheamento às acusações de malfeitos, que se avolumam. Temos a impressão de que setores do governo, considerando a inevitabilidade do impeachment, fortalecem o discurso de saída (vítimas de um golpe) visando à reorganização de suas forças no “day after”. É a saída que resta.

O 12º pedido de impeachment, desta feita pela OAB, é mais um reforço. Mesmo que não seja, tecnicamente, incluído no processo em exame na Câmara, sua admissibilidade fortalecerá os argumentos contra o governo e a legitimidade do impeachment.

Líderes governistas que participaram da reunião semanal de coordenação política afirmaram que não veem nem liderança, nem coordenação para enfrentar os desafios. A presidente, à parte arrancos e crises de mau humor, não articula nem lidera. De forma caricata, sua defesa apenas reforça as razões de sua saída.

À medida que o balanço dos votos da Comissão do Impeachment vai somando a favor da oposição, cresce o noticiário a respeito das reuniões preparatórias do futuro governo focadas no plano econômico a ser executado. Na semana passada, o senador tucano José Serra, um dos políticos que têm dialogado com o vice-presidente Michel Temer – óbvio sucessor da presidente Dilma –, deu uma entrevista sugerindo providências prioritárias que precisam ser tomadas.

Na opinião dele, Temer deveria montar um governo de união nacional e se comprometer a não se candidatar à reeleição e não retaliar os adversários. Na economia, não apenas adotar medidas capazes de promover um ajuste fiscal, como realizar investimentos e cuidar de áreas sociais problemáticas, como a saúde.

As propostas estudadas pelo vice-presidente tomam por base o documento “Uma Ponte para o Futuro”, lançado pelo partido no fim do ano passado tratando de temas como reforma do Orçamento, privatizações e abertura comercial. Também estão em discussão revisão de gastos sociais, fim de subsídios, abrangência de programas sociais, mudanças na concessão de bolsas de estudos e propostas para melhorar o SUS.

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