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O governo Dilma é um doente terminal

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Só há lógica na política quando analisada com o devido distanciamento crítico. É difícil, se não impossível, compreender na sua totalidade os movimentos dos principais protagonistas em determinado cenário durante o período em que as emoções estão expostas à visitação pública. O governo da presidente Dilma Rousseff encolheu. Perdeu espaço, área de recuo, apoio e depende hoje das articulações do ex-presidente Lula que, preocupado em salvar a própria pele, precisa garantir a sobrevivência da atual administração.

Trata-se de um momento denso e tenso. Existem conflitos pesados em todos os recantos dos três poderes. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é réu em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal. Difícil imaginar que ele assuma a presidência da República na hipótese de afastamento da atual presidente e de seu vice. Seria uma comoção nacional. O primeiro problema está, portanto, situado no Congresso. Sem solucionar o problema do deputado carioca, todos os outros ficarão em compasso de espera.

A presidente Dilma não conseguiu, sequer, nomear, de maneira ordeira e tranquila, seu novo Ministro da Justiça. O procurador baiano foi impedido pelo STF de assumir novas funções. Ele foi escalado para substituir José Eduardo Cardozo que se desgastou nas relações com o Partido dos Trabalhadores. Não conseguiu conter a Polícia Federal que segue prendendo quem bem entende. Inclusive, com condução coercitiva, o próprio Lula, que por sua vez ameaça bater os tambores da guerra. Lavra grande incêndio neste recanto do cenário político.

A operação Lava-Jato segue impávida provocando vítimas em todos os lados. Os principais expoentes do Partido dos Trabalhadores estão presos, outros de boa dimensão e densidade foram obrigados a prestar depoimentos. O ex-presidente Lula está com dificuldades para explicar seu sítio em Atibaia, São Paulo, o apartamento tríplex em Santos e até o apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo, que, de repente, se descobriu que está em nome de amigo, para servir a ele. Enfim, há uma série de conflitos não explicados, mal explicados ou, simplesmente, inexplicáveis.

O périplo de Lula por Brasília foi constrangedor. Ele se reuniu com parte da bancada do PT e não conseguiu se alongar além de desculpas e explicações vagas. Recebeu com prêmio de consolação a proposta de se transformar em ministro do governo Rousseff, o que alia a falta de imaginação ao desespero da debacle iminente. Lula ganharia a proteção de foro especial e assim não poderia ser citado pelo juiz Sérgio Moro. Mas passaria de público um atestado de que está se escondendo da Justiça. E pior: o governo federal decide dar guarida a pessoas procuradas pela justiça.

As trapalhadas cometidas pelo Partido dos Trabalhadores estão condenadas. Resta o último recurso de desqualificar os acusadores e ameaçar com violência, guerra e pancadaria. Caiu o véu. Ao lado disso, a economia do país segue ladeira abaixo, com a ironia de que o mercado financeiro melhora quando a presidente Dilma parece mais perto de sair do governo. No momento que escrevo o dólar está cotado a R$ 3,64, a menor cotação desde setembro do ano passado. E a Bolsa sobe bem. Algumas ações se valorizaram mais de 20% em uma única semana. Há, portanto, uma cotação de mercado com e sem Dilma.

Mas na economia real a situação é diferente. O desemprego sobe a níveis estratosféricos. A inflação continua alta e as empresas vão encolhendo. O varejo despenca. Somente as contas externas, por causa da disparada do dólar, estão numa situação melhor. E esse fenômeno é consequência dos desmandos do governo, não de suas políticas oficiais. Ou seja, a economia está com o sinal trocado. Resta o recurso ao Judiciário. O Supremo Tribunal Federal se transformou no principal foro de debate político nacional.

O julgamento do embargo de declaração interposto pelo presidente da Câmara para esclarecer a decisão sobre o rito do processo de impeachment vai dar a medida da possibilidade de o impedimento da presidente prosperar, ou não. A situação do presidente da Câmara, também no Judiciário, vai liberar ou conter novas forças que finalmente vão se encontrar ou se confrontar no planalto central do país. Os petistas estão desarvorados com pouco espaço de manobra.
Oposicionistas conversam entre si. E o PMDB fará sua convenção neste sábado. A maioria vai se preparar para assumir o governo nos próximos dias. No Brasil, o poder político se concentra no Senado Federal. Ali, os principais protagonistas estão negociando muito em torno de Renan Calheiros, que tem sido o fio condutor dos encontros. E dali poderá sair a decisão final que interrompa a agonia do governo Dilma Rousseff. Isso explica a cautela generalizada diante do pedido de prisão do ex-presidente Lula. Eles não querem que a casa pegue fogo. Afinal, pretendem herdar o que resta da administração em estado terminal.

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