O mercado financeiro reagiu bem ao resultado do primeiro turno ocorrido no domingo, indicando o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) para a disputa final no dia 30 deste mês. Para especialistas, o resultado das urnas trouxe pontos importantes que animaram o mercado, como o perfil do novo Congresso: mais à direita do que o atual.
Para esses analistas, o perfil da futura legislatura indicaria mais apoio às reformas estruturantes na economia, o que foi observado nas falas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reeleito. Eventual vitória de Lula no dia 30 deste mês ocorreria em cenário de equilíbrio de forças, com as chances de políticas econômicas bruscas bem reduzidas. Caso Bolsonaro seja reeleito, a expectativa é de que pautas caras ao mercado, como avanço privatização e nas concessões, ganhem novo fôlego.
Assim, o andamento da agenda econômica no país a partir de 1º de janeiro de 2023 deve mudar de ritmo devido ao rearranjo de forças no Congresso. Na eventual reeleição do presidente a tendência é de que a pauta econômica fique sob o comando do Congresso, como ocorre atualmente. Caberia, nesse caso, ao Executivo cuidar da “pauta de costumes”.
O fato de o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter declarado no mês passado apoio a Lula levou otimismo ao mercado, diante da possibilidade de ele retornar ao comando do Ministério da Fazenda. Mas, Henrique Meirelles descarta definição nesse sentido e diz que, por enquanto nada há a esse respeito e que ele está “só observando”.
Idealizador do modelo de teto de gasto, Meirelles já ponderou a Lula sobre o risco de alteração nesse pilar que foi adotado no governo de Michel Temer, após o impeachment de Dilma Rousseff.
O ex-ministro da Fazenda no governo Sarney, no final dos anos 1980, Mailson da Nóbrega, vê grandes desafios à frente, como a criação de nova política fiscal e o aumento da produtividade na economia brasileira. Para ele, nova regra para as contas públicas precisa ter algum mecanismo de contenção das despesas.
Disse que há discussões em torno do assunto, como a instituição de um waiver, possibilitando gastos de 1% do PIB em programas sociais e de ciência e tecnologia fora do teto. As declrações foram feitas em entrevista ao jornal Valor.