Ex-presidente do Banco Central nos dois mandatos de Lula (PT), Henrique Meirelles defendeu nesta segunda-feira (19) uma “reforma administrativa rigorosa” para superar os impasses políticos que envolvem o teto de gastos.
Instituída durante o governo Michel Temer, quando Meirelles ocupou o Ministério da Fazenda, a regra é duramente criticada por Lula, que já disse pretender revogá-la. Mais cedo o ex-ministro havia declarado apoio a Lula em um ato com ex-candidatos à Presidência.
Perguntado sobre a proposta de Lula de acabar com o teto, Meirelles disse que é “compreensível”, num primeiro momento, desconsiderar a regra para manter políticas sociais como o auxílio de R$ 600.
A presença do ex-ministro na campanha de Lula é um aceno ao mercado financeiro e ao empresariado, que têm mantido contato com a campanha petista. O Ibovespa fechou o dia com alta de 2,33%. Segundo profissionais do mercado, Meirelles indica perspectiva de redução do risco fiscal em eventual novo governo Lula.
O ex-presidente explicitou ontem, na reta final da campanha, o apelo ao chamado “voto útil”, na tentativa de tirar votos de outros candidatos e vencer no primeiro turno. Ontem, a campanha petista organizou ato para marcar o apoio público de oito políticos que já concorreram à Presidência. Quase todos de esquerda ou centro-esquerda.
Na pesquisa de intenções de voto do Ipec, divulgada ontem, Lula aparece com 47% das intenções de voto na corrida eleitoral contra o presidente Jair Bolsonaro, que tem 31%, segundo pesquisa Ipec divulgada ontem. No levantamento anterior, realizado há uma semana, Lula tinha 46% (ou seja, oscilou agora um ponto para cima, dentro da margem de erro) e Bolsonaro, os mesmos 31%.
A diferença entre eles passou de 15 para 16 pontos percentuais. Em seguida, aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que se manteve com 7%. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) flutuou de 4% na última pesquisa para 5% agora. Ainda que dentro da margem de erro, o avanço, pela terceira semana consecutiva, do ex-presidente Lula, face a uma posição estanque do presidente Jair Bolsonaro sinaliza maior probabilidade de a disputa fechar no primeiro turno.
O cenário sinaliza uma radicalização ainda maior da campanha governista, que tem subido o tom nos últimos dias, quando ficou claro que o Auxílio Brasil, a redução no preço dos combustíveis e o 7 de Setembro não haviam alavancado a intenção de voto do presidente.
Esta ofensiva tem-se traduzido em acusações crescentes de corrupção contra o lulismo com o uso de técnicas como as chamadas deep fake, quando um sintetizador de voz inventa falas que nunca foram ditas.