Depois de ignorar a comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil nos seus discursos durante atos político-eleitorais do 7 de Setembro, Bolsonaro não compareceu ontem à sessão solene do Congresso em que foi celebrada a data cívica.
Ele foi alvo de críticas veladas dos presidentes do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSDMG), e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. O cerimonial do Palácio do Planalto avisou sobre a ausência de Bolsonaro apenas ao amanhecer. Segundo a presidência do Senado, nenhuma justificativa foi encaminhada ao Congresso ou às demais autoridades presentes.
Os ex-presidentes Temer e Sarney compareceram. Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma Rousseff enviaram mensagens. Como anfitrião da cerimônia no Parlamento, Pacheco criticou o uso de “discurso de ódio” no período eleitoral.
“O amplo direito de voto, a arma mais importante em uma democracia, não pode ser exercido com desrespeito, em meio ao discurso de ódio, com violência ou intolerância em face dos desiguais.” Fux destacou na cerimônia que um “Brasil independente pressupõe uma magistratura independente”.
A sessão reuniu autoridades de diversos países da comunidade de língua portuguesa: os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; de Cabo Verde, José Maria Neves; e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que cancelou sua presença na solenidade do Congresso Nacional para celebrar o bicentenário da Independência porque “tinha muita gente para atender” no Palácio da Alvorada, no chamado “cercadinho”, onde costuma receber apoiadores.
“Não fui, tinha muita gente para atender no cercadinho hoje, tinha um grupo enorme de crianças, o home schooling, aquela garotada que estuda em casa com seus pais, e o 7 de setembro foi ontem, não foi hoje. Deixei a agenda política de fora e fui atender… Tinha umas 300 pessoas no cercadinho, foi um recorde hoje”, disse.
Um dos motivos que fizeram Jair Bolsonaro desistir de ir à solenidade do Congresso em alusão aos 200 anos de independência do Brasil foi evitar repetir o ocorrido na posse do ministro Alexandre de Moraes no TSE, quando ele acabou sendo alvo indireto das críticas do discurso oficial.
Para o presidente e seus aliados, Bolsonaro poderia ficar exposto a um discurso indesejável perto da eleição e não faltava oportunidade – Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula (PT), foi um dos oradores. O evento sacramentou ainda a dobradinha de Luiz Fux e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que coincidiram em não participar do 7 de Setembro de Bolsonaro.