A mais recente pesquisa do Instituto Paraná sobre a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) aponta que o senador Marcelo Crivella (PRB) larga na frente. Crivella tem uma vantagem de quase 20 pontos percentuais sobre seus adversários no cenário de primeiro turno (ver tabela abaixo).
Devido ao recall que possui de eleições anteriores, uma vaga no segundo turno tende a ser de Crivella. Considerando a margem de erro (3,5 pontos percentuais para mais ou para menos), Marcelo Freixo (PSOL), Flávio Bolsonaro (PSC) e Jandira Feghali (PCdoB) estão tecnicamente empatados em segundo lugar.
Apesar de aparecer com somente 4,6% das intenções de voto, Pedro Paulo (PMDB) tem mais condições de crescer (apoio da máquina, visibilidade dos Jogos Olímpicos e maior aliança e tempo de TV) e chegar ao segundo turno.
Embora disputem a mesma fatia do eleitorado que o candidato do PMDB, Índio da Costa (PSD) e Carlos Osório (PSDB) são menos competitivos que Pedro Paulo. Flávio Bolsonaro (PSC), apesar de despontar na frente de Pedro Paulo nas pesquisas, possui um teto, já que se discurso é muito radicalizado à direita.
Mesmo que também possua um recall e apareça bem posicionado na sondagem, Marcelo Freixo (PSOL) tem um problema similar ao de Bolsonaro. Ou seja, seu discurso radicalizado à esquerda. Além disso, o cerca de 1/3 do eleitorado de esquerda encontra-se dividido entre Freixo, Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (REDE).
Assim, para sonhar com um lugar no segundo turno, Marcelo Freixo precisaria do chamado “voto útil” (quando os eleitores votam em um determinado candidato do campo político em função de sua maior viabilidade eleitoral).
Conforme podemos ver, há uma série de variáveis em aberto. Por exemplo, na menção espontânea (aquela em que o entrevistado responde em quem votaria sem que lhe seja apresentada a lista de candidatos), o percentual de indecisos soma 74%. Isso indica que o voto ainda está pouco consolidado, mostrando a existência de um grande contingente de eleitores a serem disputados.
O PMDB, que aposta na candidatura de Pedro Paulo, depende hoje muito do sucesso dos Jogos Olímpicos, para sonhar com uma nova vitória. Vale registrar que segundo o Instituto Paraná, os governos federal, estadual e municipal, ambos controlados pelos peemedebistas (embora Luiz Fernando Pezão-PMDB esteja licenciado do cargo de governador para tratar um problema de saúde), são mal avaliados.
Temer é desaprovado por 59,8% dos eleitores e aprovado por apenas 28,8%. O governo estadual, que passa por uma grave crise financeira, é desaprovado por 80% e aprovado por somente 16,6%. E a administração municipal, do prefeito Eduardo Paes (PMDB), principal cabo eleitoral de Pedro Paulo (PMDB), é desaprovado por 59,9% e aprovado por apenas 37,1%.
O PMDB também apostará na exposição de seu candidato durante a campanha de TV, onde terá um amplo palanque eletrônico, para tentar desfazer a imagem negativa da administração municipal. O candidato peemedebista tem ainda outra vulnerabilidade em sua imagem: a denúncia que pesa contra ele de ter agredido sua ex-mulher.
Seus adversários também possuem desafios. Crivella precisa ser aceito para além do eleitorado evangélico. Freixo e Bolsonaro convencerem não apenas os eleitores de esquerda e direita, respectivamente. Já a tarefa de Índio e Osório é ainda mais complicada, pois depende que Pedro Paulo não decole e um deles eles herde parcela desse eleitorado para sonhar com uma vaga no segundo turno.
O cenário mais provável continua sendo um segundo turno entre Crivella x Pedro Paulo. Porém, caso Pedro Paulo não decole e Freixo consiga consolidar em torno dele o voto de esquerda, o candidato do PSOL poderá chegar ao segundo turno. Já se a esquerda continuar dividida, crescem as chances do representante do PMDB, principalmente se Osório e Índio da Costa ficarem estagnados. Essa disputa pela vaga no segundo turno promete ser muito acirrada, pois diante da pulverização, um candidato poderá chegar ao segundo turno fazendo de 13% a 15% dos votos válidos.
SEGUNDO TURNO: Crivella vence adversários, mas nada está definido
Marcelo Crivella venceria todos seus potenciais adversários num eventual segundo turno (ver tabela abaixo). Hoje, o adversário mais difícil para Crivella seria Marcelo Freixo. Pedro Paulo e Carlos Osório possuem praticamente a mesma densidade eleitoral.
Apesar da liderança de Crivella, ainda há muitos votos em disputa. O chamado “não voto” (brancos, nulos e indecisos) varia de 23,5% a 40,4%, dependendo do cenário.
Outro fator que deixa a disputa em aberto é o baixo índice de rejeição dos candidatos. A maior rejeição é de Jandira Feghali (22,1%), seguida por Pedro Paulo (21%), Flávio Bolsonaro (19,7%), Marcelo Crivella (18,1%), Marcelo Freixo (12%), Índio da Costa (11,9%), Carlos Osório (11,4%) e Alessandro Molon (9,1%).