Retomando a pinguela?


Para saber mais sobre a crise política e sobre a delação da JBS contra Temer leia:
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A CRISE POLÍTICA
O BRASIL TEM UMA AGENDA EM BUSCA DE UM LÍDER
TEMPOS ESTRANHOS

 

Que o governo Temer findou restam poucas dúvidas, dizem os analistas e jornalistas políticos. A incerteza é quanto ainda o presidente perdurará como zumbi no palácio do Jaburu. Um mês, seis meses? Ele tem forças para resistir, cuja base é o baixo clero da Câmara de Deputados e a caneta, que ainda pode distribuir algumas poucas regalias. Além de um grande propósito: parar a Lava Jato, o que lhe proporcionaria apoio no PSDB, PT e PP, os partidos mais implicados. Mas, segundo os mesmos analistas, não tem forças para governar, pelo menos em função dos últimos acontecimentos. Por isso findou, e a pá de cal derradeira tem um dono: Loures, com sua delação, que não deve demorar. A troca de cadeiras ministeriais no domingo foi um sinal para o amigo segurar as pontas, pois continua com foro privilegiado e mais um aliado.

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Para o País não ficar sangrando meses, com Temer resistindo contra tudo e todos, e a economia voltando a degringolar, seria necessário contar com o apoio do Judiciário, que deve ser suficientemente rápido para votar. Primeiro o TSE e, em seguida, o STF, se Temer recorrer. O problema aqui é que o presidente tem aliados no interior dessas cortes. E um simples pedido de vista pode durar semanas. Provavelmente será o terceiro votante. A mídia deve entrar forte, perscrutando a vida do infeliz. Não é qualquer um que aguenta este tranco.

E, se isso ocorrer, teremos um prolongamento de no mínimo dois meses, pois a votação poderá ser protelada para julho ou agosto. E mais outros dois meses no STF? Tempo que o Temer pensa ser necessário para mostrar que a economia está nos trilhos e a recessão é passado. E com isso ganhar o apoio necessário para persistir no poder.

Oposição cresce e aliados desembarcam

De toda forma, a oposição cresceu no Congresso. E irá utilizar de todos os recursos para impedir o andamento da pauta governamental, particularmente das reformas. PPS e PSB já desembarcaram do governo. PSDB e DEM se preparam para fazer o mesmo, em dependência da decisão do TSE em 6 de junho, que poderá ser em julho ou agosto. Se ocorrer os seus desembarques virão outros. Assim, Temer, que já perdeu a opinião pública, a mídia e o apoio do empresariado, poderá ficar sem base no Parlamento. Será desossado, sobretudo se a decisão do TSE lhe for desfavorável ou a delação do Loures se concretizar. Dois fatores que podem acelerar o desembarque dos partidos aliados.

O PSDB, que é o fiel da balança, como no governo Dilma era o PMDB, prepara um desembarque organizado. Por isso ainda não o fez, dizem os seus próceres. Necessitam do apoio de parte do PMDB, pois sabem que sem este apoio derruba o Temer, mas não governa. E suas chances em 2018 encontram-se na capacidade de dar continuidade às reformas, pelo menos a trabalhista, a fiscal e a política, e abrir um grande debate sobre a Previdenciária, e com isso fazer o País retomar o crescimento e recuar o desemprego. Tirar, literalmente, o País do buraco. Porém, essa decisão depende de algumas variáveis: a luta interna, a capacidade de resistência do Temer, a decisão do TSE e manifestação de humor da opinião pública, nas ruas e na mídia.

Talvez, a frente que se organiza com o PSDB-PMDB se desenhe mais robusta, garantindo a queda do Temer. Nesta rota deverão prevalecer as eleições indiretas.

Quem será o sucessor?

Nesse caso, não se sabe quem será o sucessor de Temer, mas sabe-se que deverá ter trânsito entre os grandes partidos como PSDB, PMDB e PP, além de parlamentares de outros partidos, para se obter uma maioria tranquila. O ideal é que não tivesse nenhuma relação com a Lava Jato ou similar, e se pronunciasse, imediatamente, ausente do pleito de 2018.

Se ocorrer a queda do Presidente as tarefas serão igualmente árduas, para quem assumir a sucessão de Temer numa perspectiva progressista: assegurar o funcionamento da Lava Jato, garantir o pleno funcionamento da democracia, continuar o movimento das reformas com mais participação, conduzir as próximas eleições e blindar a economia. Se o sucessor for o Tasso Jereissati terá que ter um vice como homem de confiança e bom negociador, um político de bom trânsito naqueles partidos em que ele tem dificuldades, na medida em que sendo do PSDB encontrará resistências, sobretudo junto ao PT e seus aliados, e mesmo no interior do PMDB. O ideal, aliás, é o vice não ser do PMDB, pois perderá em legitimidade.

Porém, o vencedor pode ser o Rodrigo Maia, na medida em que pertence a casa que tem a maioria dos votantes, tem boas relações com o pessoal do Temer e com o baixo clero. O vice viria do Senado, provavelmente do PMDB. A velha aliança dos anos 1980, de Sarney. Nesse caso, o governo será outro. Talvez com mais robustez parlamentar e sujeito a maiores erros, e repúdio das ruas. Teremos um Brasil, sem dúvida, muito turbulento.

A sorte está lançada. Se não aparecer nenhum doido a mais, como tem sido de costume, ultimamente, poderemos ter um novo começo. Contudo, assegurará a retomada do crescimento econômico que todos desejam? É duvidoso.

 

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