Recuperação da economia e reeleição de Temer


Quando a economia vai bem, a chance de reeleição é alta. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito em 1994 graças ao sucesso do Plano Real. Apesar do desgaste com o escândalo do mensalão, Lula (PT) foi reeleito em 2006 por conta da estabilidade da economia. Sua elevada popularidade em 2010 o ajudou a eleger Dilma Rousseff (PT), que nunca havia disputado cargo eletivo.

Índices positivos de 2017

Indicadores econômicos mostram a recuperação da economia brasileira. Em outubro, foram abertas 76,6 mil vagas, melhor resultado para o mês desde 2013, de acordo com o Ministério do Trabalho. O IBC-Br, que mede a atividade econômica, avançou 0,58% no terceiro trimestre. O governo revisou sua projeção para a expansão do PIB em 2018 de 2% para 2,5%. A taxa de juros está em 7,5% ao ano e a inflação no acumulado do ano (até outubro) está em 2,21%.

Depois que assumiu em definitivo a condição de presidente, Michel Temer deu inúmeras declarações de que não concorrerá à Presidência em 2018. O objetivo é, em especial, conquistar o apoio do Congresso para aprovar medidas impopulares de ajuste fiscal.

Em julho de 2016, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a afirmar em entrevista que se o governo Temer fosse efetivado e sua aprovação crescesse, Temer seria levado a disputar a eleição de 2018 “quer queira, quer não”. A declaração gerou mal-estar entre os aliados, principalmente no PSDB.

Popularidade em baixa

A aprovação do presidente não cresceu. Pelo contrário. Seus índices de popularidade têm apresentado deterioração constante. De julho de 2016 a setembro de 2017, a avaliação “ótimo/bom” caiu de 14% para 5%; e a “ruim/péssimo” saltou de 31% para 73%, conforme o Datafolha. A “regular” está em 20%.

De FHC a Dilma

São indicadores muito diferentes dos apresentados pelos últimos presidentes que tentaram a reeleição ou que conseguiram eleger um sucessor. Quando Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em 1998, sua avaliação “ótimo/bom” somava 43% e ele dispunha de 49% nas pesquisas de intenção de voto.

Já em 2002, o candidato apoiado por FHC, José Serra (PSDB-SP), contava com apenas 21% das intenções de voto no mês da eleição. Percentual próximo daqueles que avaliavam o governo como “ótimo” ou “bom”.

Reforma da Previdência: bom para Temer ruim para o PSDB?

A melhora da economia, contudo, pode resultar em algum ganho de popularidade para Temer. Assim, começa-se a especular sobre uma possível candidatura à reeleição. Esse é também um dos aspectos que, nos bastidores, aumentam as dificuldades para a aprovação da Reforma da Previdência.

A leitura é que o presidente seria beneficiado com o impacto positivo da economia e os congressistas sairiam desgastados da votação. Aliados ainda se perguntam: “Por que fortalecer a candidatura de Temer em detrimento de nossos candidatos?” O PSDB aposta no governador Geraldo Alckmin; e a opção do PSD é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

O fato é que a popularidade de Temer permanece muito baixa para que sua reeleição seja viabilizada. Conforme mostra o histórico das pesquisas eleitorais, ele teria de atingir um patamar de “ótimo/bom” em torno de 35%. A melhora da economia ocorre de forma lenta e gradual para alterar de forma consistente os índices de avaliação do presidente. Mas qualquer melhora em tais índices pode, pelo menos, motivá-lo a concorrer.

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