Quatro motivos para Lula não ser preso


Dilma caiu, Cunha também e quem tem telhado de vidro precisa ficar de olho na chuva de granizo. A bola da vez é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciado pelo MPF por corrupção e lavagem de dinheiro.

Na tarde de quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) por meio de seus procuradores, ligados à força-tarefa da Lava Jato, apresentou denúncia contra Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia; os executivos da OAS Léo Pinheiro, Agenor Franklin Medeiros e Paulo Gordilho; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.

A força-tarefa da Lava-Jato apresenta o ex-presidente como chefe de um grande esquema de corrupção que se manteve no poder durante toda e Era PT. Esse sistema criou o que os denunciadores chamaram de “propinocracia” (governo alimentado por propinas). Segundo o procurador da República Deltan Dallagnol, em entrevista coletiva, Lula com seu “poder de decisão” articularia com todos os agentes já condenados, como José Dirceu e investigados, como o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, uma organização criminosa “concatenada para saquear os cofres públicos”.

Mas uma denúncia não quer dizer que o petista é culpado. E caso ela seja aceita pelo Juiz Sérgio Moro, o processo será longo e complicado, afinal Lula não é um réu comum. Então vejam a seguir quatro motivos que desaconselhariam a prisão de Lula.

Falta de provas

Um ponto essencial que gerou tanta repercussão quanto a própria denúncia é a aparente falta de provas da procuradoria para ligar Lula aos crimes. A acusação pede à Justiça que Lula devolva R$ 87,6 milhões, teoricamente desviados da Petrobras e revertidos em propinas. Além disso, R$ 3,7 milhões relacionados ao Triplex do Guarujá, reformas do imóvel e ao armazenamento de bens do ex-presidente. Mas o próprio Lula afirmou em nota ter tornado públicos os documentos que provam que ele não é dono do apartamento. Se não aparecerem as tais provas, o caso do MPF se esvazia.

Recurso no STF

Como a denúncia é encaminhada ao Juiz Sérgio Moro, a quem Lula já denunciou à ONU por violação de direitos, a defesa do ex-presidente poderá recorrer ao STF tanto com relação a pontos específicos quanto à teoria de perseguição política e novamente suspeição com relação ao juiz encarregado do caso. O STF não foi favorável ao recurso de Lula da primeira vez, com relação à sua posse como ministro e manutenção do caso com Moro, mas o cenário hoje é outro.

Discurso de perseguição

Com as reiteradas tentativas do MPF e da força Tarefa da Lava-Jato de atingir a imagem Lula e encontrar meios de condená-lo, o discurso de perseguição política ganha força e se aglutina com o bordão dos simpatizantes de Dilma e do PT, de que o impeachment foi um golpe. Talvez não seja uma boa estratégia oferecer munição aos opositores.

Segurança social

Em tempos de pós-impeachment, onde a paz social está por um fio, uma denúncia desse porte, sem provas conhecidas até o momento pode causar um efeito colateral. Um impedimento de Lula como candidato nas eleições presidenciais de 2018, poderia funcionar como um catalizador e tanto os militantes pró-Lula quanto aqueles que, mesmo sem se identificar com o ex-presidente ou com o PT, não estão conformes com o resultado do processo de impeachment de Dilma Rousseff, podem encontrar um motivo para reunir forças para se manifestar.

Postagens relacionadas

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Possível liberação do aborto de fetos com microcefalia pelo STF é criticada na CAS

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais