Após um encontro ocorrido na semana passada, em Brasília, entre os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) e os 27 presidentes estaduais do PSDB, foi selado um acordo para que Tasso continue comandando interinamente a sigla até dezembro, quando será eleita a nova Executiva Nacional tucana.
Desde o recente programa do PSDB veiculado pela televisão em rede nacional com críticas ao governo de Michel Temer (PMDB), o clima interno no ninho tucano ficou bastante acirrado. O tom adotado pela propaganda foi criticado pelos ministros do PSDB que estão no governo.
Mais do que isso, a ala governista do partido passou a defender que Aécio Neves reassuma a presidência nacional da sigla e nomeie um novo vice-presidente para comandar o partido interinamente.
Os tucanos governistas enxergaram as digitais do governador de São Paulo (SP), Geraldo Alckmin (PSDB), na elaboração do programa com críticas ao presidente Michel Temer. Pré-candidato ao Palácio do Planalto, Alckmin tem interesse em precipitar internamente o debate sucessório de 2018.
No entanto, a aproximação do diretório estadual do PSDB de São Paulo com Tasso levou o grupo de Aécio a realizar um movimento em direção ao senador cearense a fim de mantê-lo interinamente no cargo de presidente nacional da legenda.
A articulação de Aécio e de outros presidentes estaduais do PSDB é uma reação à influência que os tucanos de São Paulo estão ganhando internamente no diretório nacional. Diante desse fortalecimento dos paulistas do PSDB, o nome de Alckmin começou a ganhar terreno e a se fortalecer como potencial candidato ao Planalto, em que pese a projeção adquirida pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Nos bastidores do PSDB a avaliação é que Aécio teria recuado da intenção de reassumir a presidência do partido, destituindo Tasso Jereissati do cargo, depois que a maioria dos presidentes estaduais do PSDB demonstraram solidariedade a Tasso.
O recuo visa protelar que o PSDB paulista, que se aproximou de Tasso, acumule ainda mais força interna às vésperas da escolha da nova Executiva Nacional. Com isso, o grupo liderado por Aécio almeja pelo menos conquistar espaço na composição da Executiva, que será eleita em breve.
Porém, a aproximação de Tasso, sobretudo de Geraldo Alckmin, é cada vez mais evidente. Na sexta-feira passada (25), em entrevista ao Estadão, Tasso afirmou que o governador de São Paulo é o “primeiro da fila para a disputa à Presidência da República em 2018”.
Tasso também defendeu que na convenção tucana, marcada para 9 de dezembro, um “cabeça-preta de mentalidade” assuma o comando da sigla. São chamados de “cabeças-pretas” os deputados federais do PSDB que defendem o desembarque do governo Temer. Esse apelido decorre da juventude desse grupo de parlamentares, em contraste com os cabelos brancos do outro grupo.
Também chamou a atenção na entrevista de Tasso a afirmação de que em 2018 o PSDB fará um discurso propositivo e não “anti-PT”. Essa declaração é mais um sinal favorável a Alckmin, pois Doria, o outro presidenciável do partido, adota claramente uma mensagem contrária aos petistas.
Caso o PSDB de São Paulo assuma de fato o controle nacional do partido, dará um grande passo na escolha do candidato a presidente da República que representará a legenda nas eleições de 2018.