A Polícia Federal realizou busca e apreensão esta manhã na residência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dos ministros de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do senador Edison Lobão (PMDB-MA) e do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE). A ação da PF foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
A Policia Federal chegou mais tarde ao Congresso Nacional para fazer idêntico trabalho na Diretoria Geral da Câmara e também atua nos estados do Pará, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A PF está na sede do PMDB em Maceió. A operação atinge também os senadores Renan Calheiros, presidente do Senado, Fernando Bezerra (PSB-PE) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
A operação ocorre às vésperas de uma rica agenda de eventos importantes, como a reunião do Conselho de Ética na Câmara, e votações no plenário da Câmara, como a MP 692 (ganhos de capital), e da LDO e do PPA no Congresso Nacional.
Esta fase da operação, batizada de Catilinária, pode paralisar as atividades do Congresso, comprometendo a pauta do dia e adiar para o próximo ano votações importantes para o governo relativas ao ajuste fiscal na reta final dos trabalhos legislativos. A busca na residência de Eduardo Cunha significa que a Operação Lava-Jato chega ao núcleo do mundo político.
O deputado Eduardo Cunha sai ainda mais fragilizado do episódio. Deve aumentar a pressão para que ele deixe a presidência da Câmara. O impacto da notícia na mídia obscurecerá a cobertura do impeachment, beneficiando a presidente Dilma. Foram apreendidos de Cunha três celulares, iPad e laptop. A PF também está autorizada a devassar e-mails do deputado.
O próprio processo de impedimento poderá ser afetado, uma vez que a ação da PF atinge lideranças importantes ligadas ao caso, todas pertencentes ao PMDB, aliado hoje em choque com Dilma e o principal beneficiário de seu eventual afastamento.
A busca na residência oficial de Cunha foi recebida como positiva pelo Palácio do Planalto. A avaliação é que ele perde legitimidade para conduzir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Os ministros alcançados na operação de hoje, Celso Pansera e Henrique Alves, são políticos ligados a Eduardo Cunha e ao vice-presidente, Michel Temer. Pansera integra a ala governista do PMDB que apoia a presidente Dilma e é contra o impeachment. Henrique Alves responde hoje mais ao comando do vice-presidente Michel Temer.
Não há expectativa de que a Operação Catilinárias interfira no julgamento do Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira. Os ministros decidirão questões relativas ao rito do processo.