Dilma Rousseff enfrentou uma semana carregada de intensos eventos políticos. As denúncias estão cada vez mais próximas do ex-presidente Lula, acusado de ocultar a propriedade de um apartamento tríplex. O governo tentou relançar a economia numa reunião do Conselhão reestruturado, mas não conseguiu a pauta positiva que planejou.
LULA
Testemunhas afirmam que o ex-presidente era proprietário de Tríplex reformado pela OAS
Um apartamento de R$ 2,5 milhões, no Guarujá, está sendo investigado pelo MP e pela operação Lava-Jato. Suposta propriedade oculta de Lula, o imóvel teria beneficiado pessoas ligadas ao PT para lavar dinheiro de contratos da Petrobras. Em diversos depoimentos, o ex-presidente foi acusado de, como dono do tríplex, influenciar na contratação da OAS para concluir a obra no prédio. O advogado da família afirma que Lula tinha apenas uma cota da propriedade. O ex-presidente terá que se explicar em interrogatório no dia 17 de fevereiro. É a primeira vez que ele é intimado a depor na condição de investigado.
MARCELO CASTRO
Ministro do PMDB sofre novo desgaste ao dar declaração polêmica sobre o mosquito, mas se segura no cargo
O ministro da Saúde irritou novamente o Palácio do Planalto ao afirmar que o “país está perdendo feio a guerra contra o Aedes aegypti”. A fala desastrada veio no momento em que o governo tenta demonstrar ação mais forte contra a epidemia de dengue e envolver a sociedade no combate ao mosquito. O desconforto levantou rumores de possível troca de Marcelo Castro, que recebeu solidariedade de correligionários do PMDB. A presidente Dilma tratou de pôr panos quentes e defendeu o ministro. Apesar de desgastado, Castro ganhou sobrevida, mas seu futuro depende do êxito que tiver em debelar o problema e também em controlar a boca.
JOSÉ DIRCEU
O ex-ministro admitiu ter aceito dinheiro de lobista, mas negou envolvimento com a Petrobras
O ex-ministro José Dirceu reconheceu ter recebido dinheiro de lobista, mas observou que foi usado apenas na reforma de um apartamento do irmão e que a importância não estava relacionada a propina. A expectativa era que ele atribuísse à influência do PT a nomeação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras, onde se envolveu em corrupção. A situação de Dirceu pode se complicar. O MPF pediu que o delator Fernando Moura, que implicou o ex-ministro na Lava-Jato, seja ouvido novamente. Ele confessou que o petista o aconselhou a fugir, e mais tarde disse ter mentido com medo de represálias.
DILMA ROUSSEFF
Discurso da presidente no Conselhão foi recebido com ressalvas por empresários e sindicalistas. Esperava-se mais
A presidente reuniu, pela primeira vez no segundo mandato, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Pressionado por aliados, setor produtivo e mercado, o governo persegue o reaquecimento. Dilma defendeu a aprovação da CPMF e a necessidade de reformar a Previdência. Mas os temas não são consensuais. Alguns empresários acharam que a ida à Brasília foi perda de tempo. Outros disseram que apoiam a CPMF se o governo aprovar um teto rígido para seus gastos. Sindicalistas saíram irritados com a defesa da reforma da Previdência e o uso do FGTS como fonte de R$ 83 bilhões em crédito para a economia.
DELFIM NETTO
Economista liberal sugere a Dilma receita coerente que ela não tem condições de pôr em prática
Depois de reunir-se com Lula e Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-ministro da Fazenda sugeriu a Dilma que confronte o Congresso com propostas para consertar a Previdência, desindexar a economia e desvincular verbas do Orçamento. Delfim tornou-se conselheiro estratégico do ex-presidente e da atual, mas só é ouvido pelo primeiro. Dilma considera-se economista e não comunga o liberalismo de Delfim. Além de o PT recusar as três sugestões, a presidente não tem base parlamentar para tentar lance tão ousado. Vai fazer o contrário: aumentar o crédito e evitar o confronto com quem pode aprovar seu impeachment.