Os dilemas internos do PSDB


O PSDB passa por um momento interno bastante delicado. Na semana passada, a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) por obstrução de Justiça e corrupção passiva.

Embora Aécio tenha se afastado da presidência nacional do partido, ele era uma das principais lideranças nacionais tucanas até pouco tempo. Ou seja, é praticamente inevitável que esse fato traga ainda mais desgastes à imagem da sigla.

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Em meio a esse cenário conturbado, cresce internamente o movimento em favor do desembarque do PSDB do governo Michel Temer (PMDB).

Reunião PSDB-SP

Nesta segunda-feira (05), o presidente estadual do PSDB em São Paulo, deputado estadual Pedro Tobias, convocou uma reunião do diretório mais importante e influente do país. O desejo de Tobias é que seja votado o rompimento com Temer.

Porém, na última sexta-feira (02), Temer teve um encontro com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que estaria se movimentando para evitar um rompimento imediato com o governo federal.

O problema é que o movimento pela saída da base de Michel Temer não se restringe a São Paulo. Segundo levantamento realizado pelo site “Poder 360”, 31 dos 46 deputados federais do PSDB são favoráveis ao desembarque da base de apoio do presidente da República no Congresso Nacional. Hoje, apenas 10 deputados federais tucanos desejam continuar atrelados a Temer.

PSDB no Congresso

Os principais defensores da continuidade da aliança nacional com o PMDB estão localizados na bancada do PSDB do Senado. O presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), é cotado como um potencial candidato ao Palácio do Planalto caso tenhamos eleições indiretas.

Tasso tem interesse em construir uma saída para a crise juntamente com Michel Temer para ter o apoio do PMDB não apenas numa eventual eleição indireta, mas também estender essa aliança para as eleições gerais de 2018.

Geraldo Alckmin, que por conta do desgaste de Aécio Neves viu aumentar suas possibilidades de ser o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, teme, por um lado, um eventual governo Tasso. Entre os aliados de Alckmin há quem veja que Tasso poderia entrar no jogo de 2018 como um potencial candidato ao Planalto.

Por outro lado, Alckmin quer se aproximar de Tasso de olho no aumento de sua influência no diretório nacional, instância fundamental para a definição do candidato tucano à Presidência da República no próximo ano.

O resultado do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcado para a próxima terça-feira (06), será decisivo para o futuro dessa aliança. Apesar do PSDB ser o principal aliado de Temer, a pressão pelo desembarque cresce.

Mais do que pensar em seu futuro, o rumo a ser tomado pelo PSDB será decisivo também para o governo Temer. Caso os tucanos saiam da base, crescerá o risco do presidente ter sua maioria congressual seriamente abalada.

Dilema do PSDB

O PSDB passa por um dilema nada simples de ser resolvido. O partido é, ao mesmo tempo, um dos artífices da aliança que levou Michel Temer ao poder a partir do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e também o responsável pela ação que poderá caçar a chapa Dilma-Temer no TSE.

Assim, os tucanos têm compromissos políticos com o atual governo. Porém, continuar aliado a Michel Temer poderá inviabilizar o projeto de poder do PSDB para 2018.

Mesmo que o PSDB opte pelo desembarque, há quem observe que o partido perdeu o timing do rompimento com Temer. Em meio a essa conjuntura cresce o nome do prefeito de São Paulo, João Doria, como potencial candidato do PSDB à Presidência da República.

Apesar de ser filiado ao partido, Doria aparece hoje no tabuleiro como talvez a única alternativa viável do PSDB capaz de se descolar do desgaste que atinge as principais lideranças da sigla.

Num cenário de forte contestação a política tradicional, Doria tem conseguido projetar a imagem que “não é um político, mas sim um gestor”, e mesmo lançando mão de ações polêmicas como, por exemplo, a recente operação policial da Cracolândia, preserva índices de popularidade superiores a 40%.

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