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Os caminhos do desdobramento da crise são sombrios

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O livro escrito em 1955 por Claude Levy Strauss, Tristes Trópicos, depois da defesa de sua tese (1947) e início de sua fama, conta sua aventura antropológica no Brasil para onde vem, em 1935, ensinar na Universidade de São Paulo. Tanto a vinda para São Paulo, quanto suas viagens ao interior do Brasil, que lhe colocaram em contato com diversas etnias brasileiras e o transformaram no mais importante antropólogo do mundo, foram fruto do acaso, contado de forma sublime neste seu livro, meio autobiográfico. Com muitas ideias intrigantes, sempre me chamou atenção a ideia do confronto entre o Velho mundo, lento e ancião, e o Novo, veloz e decrépito, antes do envelhecimento. Sempre me perguntei se não havia uma visão eurocentrista. Mas recentemente tenho repensado minha leitura. O Novo mundo, Brasil, como diz o turista, se torna caro antes de se tornar rico, velho antes de alcançar a maturidade. Por isso, entre outros, a leitura de Levy Strauss é tão importante neste momento de crise.

Quais os caminhos para o desdobramento da crise?

Os caminhos possíveis do desdobramento da presente crise são todos caliginosos, sombrios. Salvo uma alternativa que nenhum analista tenha detectado.

Dilma não é a solução da crise

Dilma não é a solução para a crise

A primeira é o retorno da presidente Dilma, pouco provável, mas possível. Seu resultado mais esperado será uma elevação da crise, haja vista sua reconhecida incapacidade de dar um rumo ao País ou mesmo de simplesmente governá-lo. Ela não goza de credibilidade nem junto ao empresariado, nem ao pé dos parlamentares, e menos ainda adjunto ao povo. Seu partido não tem a menor intenção de que isso ocorra, apesar das aparências.

As chances de bem governar, pelo presidente interino, a segunda alternativa, estão se desfazendo. Temer conseguiu enfrentar aparentemente bem, duas de suas arenas de luta. A arena da economia: com a nomeação de pessoas de altíssimo reconhecimento no mercado, parece estar bem encaminhada. Tem desempenho similar na arena parlamentar. As primeiras votações mostram o acerto do presidente em exercício, embora as maiores batalhas ainda estejam por chegar. Porém, na arena da sociedade o resultado é, para dizer o menos, medíocre. Falta uma administração de crise na área da comunicação. Ao invés disso sua equipe gasta tempo em elaborar um plano de comunicação. Algo sem sentido em um momento de emergência, em que o avião tem que ser concertado em pleno voo. Desta forma, a narrativa oposicionista do PT, simplória e frágil, sustentada em dois trilhos, a ideia de golpe e a de destruição dos direitos conquistados, surpreendentemente ganha força. E vence por omissão do governo. Ora, sem vencer nesta arena, o governo não terá como assegurar a adesão da base parlamentar nem, a médio prazo, a confiança do empresariado. O risco de desastre nesta alternativa é, portanto, grande.

A terceira alternativa, que há um ano, quando Marina a defendia, não parecia ter chance, ao ponto da mídia não lhe dar a menor importância, ganha musculatura. Uma frente partidária importante se articula em torno desta alternativa, que vai do PT ao PSB, passando pela Rede Sustentabilidade. E conta com o apoio da Operação Lava-Jato. Mais agora, que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, prepara uma delação premiada programada. Ou seja, delação na qual as informações prestadas têm um único objetivo, além daquele de reduzir sua pena, a de melar as eleições presidenciais com provas de que foram alimentadas por recursos financeiros ilícitos. Dessa forma, o TSE não terá como não cassar Dilma-Temer e convocar novas eleições. Delação programada e apressada, pois, a cassação dos presidentes terá que se feita este ano, para que seja possível convocar novas eleições.

Tudo indica que há um bom apoio popular a esta alternativa. Contudo, seus resultados não são previsíveis. Qual político conseguirá governar com tal Parlamento? Marina, Cristovam e Ciro certamente não. Lula, Serra ou Aécio, talvez. Mas, terão chances de ser eleito? Tudo é incerteza. Triste Brasil, periga chegar à decadência antes de iniciar a maturidade.

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