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O mundo é uma bola e a do Brasil está murcha

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Ontem, pela primeira vez na vida, fui a um jogo de beisebol. Confesso que, apesar de algum esforço, continuo sem entender a lógica. É um jogo truncado, cheio de nuances e sutilezas. Também é cheio de malandragem e os jogadores têm muita marra. Se acham o Romário.

Não é a primeira vez que assisto a jogos estranhos para brasileiros. Em 2002, vi uma partida inesquecível de futebol gaélico na qual 15 caras de cada lado chutavam, socavam e faziam embaixadinhas. Chutavam a bola na direção de uma trave que é, simultaneamente, igual à do nosso futebol e do rugby.

Tanto no beisebol quanto no futebol gaélico, o destaque é a organização. Tudo funciona perfeitamente e sem crises. Milhares de pessoas assistem com segurança e oferta abundante de comida e bebida. Inclusive cerveja. Com policiamento intenso e banheiros limpos. O resultado é uma frequência intensa, principalmente de crianças. Nada comparável à vergonha do nosso futebol.

O mundo é uma bola, e o Brasil reinou com seu futebol. Fomos superados por nossos defeitos e pela falta de profissionalismo. Podemos até vencer as Olimpíadas com nosso talento, mas estamos a anos-luz da organização necessária para tornar nossos clubes viáveis. O esporte é um espetáculo que, para gerar recursos, exige talento, estrutura e organização.

Na quarta divisão do futebol inglês, na qual assisti a dois jogos, a média de público na temporada passada foi de quase 5 mil pessoas por jogo! A Série A no Brasil tem como média cerca de 17 mil pessoas. Na Inglaterra, a Premiership tem algo em torno de 38 mil pessoas de público médio! O Manchester United tem média de 75 mil pagantes, além do fato de que os direitos de transmissão geram quase 2 bilhões de libras para os clubes.

O certo é que o mundo é uma bola, e a nossa está muito murcha.

Apesar do pessimismo com o qual entraremos em campo nos Jogos Olímpicos, é evidente que experimentamos um momento de trégua em relação à camisa verde-amarela. A chegada de Tite ao time principal e a volta de Neymar são duas apostas em vencedores e campeões.

Tite tem transmitido inspiração aos garotos comandados por Rogério Micale e um amigo carioca me contou que a atmosfera do Rio de Janeiro e o astral estão mudando às vésperas do início das Olimpíadas. Sabendo que o futebol é o mais belo dos esportes exatamente pelas surpresas que proporciona e depois de ver o que Portugal fez na Eurocopa, temos que nos render à lógica do famoso filósofo Caixa D’Água: “O jogo só termina quando acaba!”

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