O governo decidiu adiar para a última semana de trabalho do Congresso Nacional a tentativa de votar a Reforma da Previdência. A intenção é iniciar a análise no dia 18 de dezembro e concluir a votação em dois turnos até o dia 22, quando se encerra o ano legislativo.
Esta semana, o Planalto jogará todas as suas fichas para obter os votos necessários. De acordo com o líder do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a meta de segurança será em torno de 320 votos. A esperança é que a liberação de emendas parlamentares e de recursos a estados e municípios, além da distribuição de cargos, consiga seduzir os deputados reticentes a votar a favor da reforma em função da proximidade com as eleições.
Legendas fecham questão e geram otimismo no governo
A ofensiva feita até então, apesar de ter criado um clima de maior otimismo, não vem surtindo o efeito esperado. O “fechamento de questão” dentro da base não obteve êxito. Apenas PMDB, PTB e PPS decidiram obrigar suas bancadas a votarem a favor. Os demais partidos não devem assumir tal posicionamento.
As ameaças de restrição na obtenção de recursos do Fundo Partidário para as campanhas e o fechamento de portas na janela para troca de legendas contribuíram para esse quadro. Além disso, a reação dos servidores públicos contra a propaganda do governo que apregoa o fim dos privilégios dessas categorias tem sido bastante contundente e vem alcançando resultado.
Mudanças na proposta ainda são possíveis
Mesmo ganhando mais tempo para garimpar votos, a tarefa do governo continua difícil. O novo texto apresentado pelo relator, Arthur Maia (PPS-BA), ainda sofre muitas resistências. Embora o Palácio do Planalto afirme publicamente que novas mudanças estão fora de cogitação, nos bastidores comenta-se que, como última alternativa, o governo poderia desidratar ainda mais a proposta levando a voto apenas o que considera a espinha dorsal da reforma: a fixação de idade mínima para a aposentadoria.
Levando-se em conta que, quanto mais próxima das eleições mais inviável se torna a votação, a adoção desse plano B transforma-se em algo plausível, já que caberia no discurso de que a apreciação somente da idade mínima foi “a reforma possível”.