Flavio Dino e a revolução capitalista


O Brasil é um país extraordinário. Veja se não é: o ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB) tornou-se o primeiro comunista a eleger-se governador no Brasil. Ele recebeu 63,5% dos votos válidos dos eleitores e promete iniciar um novo ciclo econômico no Maranhão.

Não para estatizar nem coletivizar, e sim para “implantar o capitalismo” no estado. Dino promete estimular a competitividade e o ingresso de novos empresários. Enfim, vai promover uma verdadeira revolução capitalista que, segundo suas próprias palavras, será “uma revolução democrática burguesa”.

Vai fazer isso porque, de acordo com o diagnóstico de sua equipe, a economia ainda sobrevive por ali em bases feudais, conforme alguns economistas falavam do Brasil na metade do século passado.

Evidentemente, é muito curioso que um governador eleito pelo PCdoB assuma um discurso tão radical em relação ao que defende o seu partido.

O PCdoB radicalizou seu discurso nos anos 50 ao se manter estalinista em dissidência ao velho “Partidão”. Depois andou seduzido pelos chineses e albaneses. Nos estertores do comunismo, tinha em Enver Hoxha, sanguinário líder albanês, como inspirador.

Ultimamente oscila entre o pragmatismo o clientelismo e surtos de esquerdista radical. Apoiou o ataque à Editora Abril por conta da capa de Veja às vésperas das eleições. Coisa de doido que poderia ter custado a eleição de Dilma.

Flávio Dino, felizmente, está acima de tudo isso. É um dos mais brilhantes políticos de seu tempo. Tem muito a ensinar ao PCdoB. Em mais de 30 anos conversando com políticos em Brasília, pouca vezes vi alguém tão preparado intelectualmente e tão conectado com o mundo contemporâneo. Flavio Dino é um ponto fora da curva. A ponto de prometer uma revolução burguesa, com amplos fundamentos, mesmo sendo do PCdoB.

Não é o primeiro a surpreender. Antonio Palocci, quando prefeito de Ribeirão Preto (SP) pelo PT, privatizou a empresa municipal de telefonia mesmo contra os votos do PSDB! Mostrou personalidade para fazer o que tinha de ser feito na administração municipal, apesar de, na época, o PT ser contra qualquer tipo de privatização.

Talvez Flávio Dino encontre muitas dificuldades para implantar uma revolução capitalista no Maranhão. Mas se ele pelo menos conseguir fortalecer as instituições públicas e melhorar a qualidade dos serviços públicos já será um enorme avanço. Sua meta é elevar a qualidade do IDH maranhense, o segundo pior do Brasil. Se obtiver êxito, fará um grande serviço a seu estado.

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